O Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, celebrado em 12 de outubro, busca conscientizar sobre a relevância dessa abordagem, que visa aliviar o sofrimento e melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças graves. 

Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu os cuidados paliativos como um tipo de assistência oferecida por uma equipe multidisciplinar, focada no bem-estar de pacientes e seus familiares diante de condições de saúde graves. Essa assistência envolve desde a prevenção e alívio da dor até o tratamento de sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. 

A Dra. Ana Paula Ramos, médica responsável pelo setor de Terapia de Suporte e Cuidados Paliativos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, esclarece que o escopo dos cuidados paliativos vai além de pacientes em estágios terminais. “Há um estigma de que os cuidados paliativos são destinados apenas ao fim da vida, o que é incorreto. Eles podem ser oferecidos a qualquer pessoa com uma doença grave, crônica ou aguda. O foco é garantir qualidade de vida, independentemente da fase da doença”, explica. 

A abrangência dos cuidados paliativos 

Dados da OMS revelam que cerca de 56,8 milhões de pessoas necessitam de cuidados paliativos anualmente, sendo que 25,7 milhões delas estão no último ano de vida. No entanto, apenas 14% dessas pessoas têm acesso ao tratamento necessário, evidenciando a necessidade de maior difusão desse tipo de assistência. 

No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos oferece suporte integral a pacientes com diversas condições graves. O atendimento abrange tanto o controle de sintomas físicos quanto o apoio emocional e psicológico a pacientes e familiares. A identificação de quem pode se beneficiar dos cuidados paliativos ocorre por solicitação das equipes médicas ou por busca ativa da equipe assistencial. 

A Dra. Ana Paula reforça a importância do diálogo aberto com as famílias. “Cuidar de um paciente com uma doença grave envolve todos ao seu redor. Nosso papel vai além de aliviar o sofrimento físico, estamos aqui para apoiar as famílias ao longo dessa jornada, oferecendo suporte contínuo e integral.” 

Desmistificando os cuidados paliativos 

Apesar de sua importância, muitos mitos ainda cercam os cuidados paliativos. Um dos equívocos mais comuns é associá-los à interrupção de tratamentos médicos. “Os cuidados paliativos não excluem terapias que prolongam a vida, como a quimioterapia ou até transplantes, desde que essas intervenções estejam de acordo com o bem-estar do paciente”, esclarece a Dra. Ana Paula. 

Outro mito frequente é acreditar que os cuidados paliativos são indicados apenas quando não há mais esperança de cura. “Essa prática não é sinônimo de morte iminente. Pelo contrário, ela visa proporcionar conforto e qualidade de vida em qualquer estágio da doença”, reforça a médica. 

A especialista também desmistifica o uso da morfina no controle da dor. Embora muitas vezes associada à aceleração da morte, a Dra. Ana Paula esclarece que, quando administrada corretamente, a morfina melhora a qualidade de vida sem antecipar o óbito. 

Os cuidados paliativos são uma abordagem essencial para garantir que pacientes com doenças graves possam viver com dignidade e qualidade, oferecendo alívio não apenas físico, mas também emocional e espiritual.