Cresce demanda por acreditação no Norte e Nordeste

Como Organização Nacional de Acreditação, a ONA tem por objetivo geral promover a implementação de um processo permanente de avaliação e de certificação da qualidade dos serviços de saúde, permitindo seu aprimoramento contínuo, de forma a garantir a qualidade na assistência aos pacientes. Isso vale para todas as regiões do País e, embora ocorra de forma mais rápida em estados do Sul e Sudeste, a acreditação vem se ampliando também no Norte e Nordeste brasileiro.

Na avaliação de Péricles Góes da Cruz, da ONA, é possível encontrar serviços com ótima estrutura em algumas cidades destas regiões, como é o caso de Recife e Fortaleza, consideradas como polos de atendimento à saúde. Ainda são poucos, no entanto, que conquistaram a certificação concedida pela ONA, se comparados aos números das regiões Sul e Sudeste. Entre as dificuldades, ele aponta a distância geográfica em relação ao centro do País e a falta de Instituições Acreditadoras Credenciadas (IACs) regionais, embora todas as Instituições possuam atuação nacional.

Segundo Jaqueline Gonçalves, também da ONA, algumas organizações de saúde da região Norte e Nordeste demonstram preocupação em oferecer serviços de qualidade, em atender aos padrões do Sistema Brasileiro de Acreditação (SBA) da Organização Nacional de Acreditação (ONA). “Desde 2007, quando a ONA iniciou o processo de acompanhamento dos diagnósticos organizacionais (DOs) – que embora seja uma etapa facultativa e não faça parte do processo de certificação, permitem verificar os sistemas de assistência, gestão e qualidade das organizações de saúde antes da avaliação de certificação – foram realizados 47 diagnósticos em organizações de saúde nos estados das duas regiões”.

Veja a distribuição na tabela a seguir:

Estado Diagnósticos

AP 01

BA 18

CE 05

MA 01

PA 10

PB 02

PE 05

RN 03

AM 01

SE 01

TOTAL 47

Exemplos de desempenho

Laboratório baiano está entre os primeiros com certificação de Excelência

O Laboratório Silvany & Studart, em Salvador, na Bahia, começou a buscar informações sobre Qualidade ainda em 1996 e em 2005 deu início ao processo de adequação aos requisitos necessários para a certificação, tornando-se neste mesmo ano, um dos primeiros laboratórios de Anatomia Patológica do Norte e Nordeste do Brasil com Acreditação Plena da ONA – Organização Nacional de Acreditação. Em junho de 2007, conquistou a Acreditação com Excelência (Nível III), qualificação que mantem até hoje – a recertificação aconteceu em 2010.

O diretor técnico da instituição, Dr. Eduardo Studart, explica que, com a implantação do ciclo de planejamento estratégico no laboratório LSS, a gestão do Sistema da Qualidade foi definida como um dos sete fatores críticos para atingir a visão da empresa de tornar-se um centro de Excelência em Anatomia Patológica na Bahia. “Como o processo de acreditação na área de saúde encontrava-se em fase de definição, somente após a normalização da Organização Nacional Acreditação o laboratório decidiu buscar a certificação”.

“Julgamos que a certificação da ONA, por ser voltada exclusivamente para área de saúde, seria uma importante ferramenta na busca contínua da melhoria da qualidade e desempenho dos serviços prestados, no aperfeiçoamento de processos visando à prática segura no nosso diagnóstico,” diz Studart. “Além de ser uma das formas de consolidar a mentalidade em qualidade dos nossos serviços prestados e informar a todos os envolvidos os critérios de qualidade, avaliamos que o processo levaria também à maior motivação e capacitação dos funcionários e colaboradores”.

Na análise do responsável pelo setor de Qualidade do LSS, ao aderir ao processo de acreditação, o laboratório reforça sua responsabilidade e comprometimento com a segurança, com a ética profissional, com o serviço prestado e com a garantia da qualidade do atendimento aos pacientes.

“Com o processo de acreditação, aumentou a nossa garantia de qualidade dos serviços prestado através dos padrões pré-determinados, o aperfeiçoamento de processos visando à prática segura no nosso diagnóstico e à racionalização dos serviços de maneira a garantir a qualidade do laboratório.”

Entre as principais melhorias obtidas, ele relaciona o foco maior no cliente (paciente e médico solicitante); melhor gerenciamento dos riscos; consolidação da cultura da qualidade entre os profissionais que atuam no laboratório; a consolidação na padronização de procedimentos e gerenciamento dos processos; o aprimoramento de grupos de trabalho e auditorias internas para melhoria dos processos; inovações e excelência na execução dos procedimentos; além de obter resultados alinhados ao planejamento estratégico.

Processo de Acreditação no Hospital Regional Unimed

A diretoria do Hospital Regional Unimed, em Fortaleza, Ceará, sabe que o processo de acreditação contribui para a melhoria no modelo de gestão, das práticas assistenciais e, principalmente, para a segurança do paciente. Pensando nisso, em 2000, solicitou a primeira visita para o diagnóstico inicial da Instituição, recebendo a certificação, como Acreditado (Nível I), em março de 2002. Durante os quatro anos seguintes, o Hospital entrou em processo de consolidação das práticas conquistadas por meio da certificação.

Em 2006, quando foi implantado o Núcleo de Controle de Qualidade (NCQ) do Hospital, o processo de busca do segundo nível da certificação ONA foi iniciado, com o objetivo de consolidar as práticas dentro da instituição, dando continuidade à reformulação do sistema de gestão da qualidade. Com as novas metodologias, implantadas em dezembro de 2007, o HRU alcançou a Acreditação Plena (Nível II). Nos últimos anos, a gestão da qualidade se consolidou, tornando-se cada vez mais fundamental na conquista pela melhoria dos processos no Hospital, segundo avaliação da própria diretoria, o que permitiu atingir a Acreditação com Excelência (Nível III), já em dezembro de 2009.

“Iniciamos, em 2010, uma nova fase nas práticas de qualidade da Instituição, na qual foi criado o Escritório de Qualidade, composto por um analista de qualidade, um médico, uma enfermeira, dois auxiliares e um estagiário. Com a nova equipe, tornou-se possível dar início ao processo de consolidação de todas as práticas da acreditação e da política de qualidade do HRU,” informa a médica Emair Borges, diretora geral da instituição.

O HRU obteve diversos avanços na gestão e na assistência ao paciente, como a consolidação do planejamento estratégico e a melhoria na utilização da capacidade instalada do Hospital. Isso é confirmado pelos números que apresenta, em comparação com os resultados registrados em 2004, antes do início do processo de acreditação: aumento de 93% no número de pacientes-dia; de 27,91% na taxa de ocupação; de 138% no número de cirurgias e de 37,03% nos procedimentos hemodinâmicos.

Os processos foram mapeados e otimizados, confirmando também a diminuição no tempo médio de espera na emergência, melhoria no prazo e na qualidade da entrega dos exames. Além disso, o HRU criou uma unidade para o Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), que gerencia a capacidade instalada do Hospital.

A implantação de protocolos assistenciais das patologias de maior prevalência e risco (Prevenção de Pneumonia Associada a Ventilação Mecânica, Prevenção de Infecção de Corrente Sanguínea associada a Cateter Venoso Central, Prevenção de Infecção de Sitio Cirúrgico, Time de Resposta Rápida, Reconciliação Medicamentosa) resultaram na redução de 30% na taxa de PAV geral do hospital, de 2007 para 2010 e de 55% na taxa de infecções por CVC, de 2008 para 2010.