O setor de saúde suplementar no Brasil enfrenta um desafio crescente: o combate a fraudes e desperdícios nos planos de saúde. Segundo a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), esses problemas representam cerca de 19% dos custos totais do setor, equivalente a aproximadamente R$ 28 bilhões por ano. Nesse contexto, os corretores desempenham um papel essencial na conscientização do público, sendo fundamentais para a sustentabilidade do sistema e a garantia de um atendimento de qualidade aos beneficiários.
Para Victor Moutinho, diretor comercial da Sami, “as fraudes não apenas oneram o sistema, mas também comprometem a qualidade do atendimento aos pacientes que realmente necessitam. É um problema que afeta toda a cadeia da saúde suplementar.”
O papel estratégico dos corretores de saúde
Os corretores, como intermediários entre operadoras e beneficiários, estão em posição privilegiada para educar e orientar o público. Seu trabalho vai além da simples venda de planos, englobando a responsabilidade de promover o uso consciente e ético dos serviços de saúde. Moutinho ainda ressalta: “Além de conhecer os produtos, esses profissionais precisam adotar uma postura estratégica, orientando sobre o uso adequado do plano e alertando sobre as consequências das fraudes para todo o sistema.”
Exemplos de fraudes incluem a cobrança por serviços não prestados, o uso indevido do plano por terceiros e a prescrição de exames desnecessários. Já os desperdícios se manifestam por meio de consultas e exames excessivos e internações prolongadas sem necessidade clínica. É crucial que os corretores expliquem aos beneficiários o impacto dessas práticas, mostrando como elas aumentam os custos operacionais dos planos, resultando em reajustes anuais e contribuições mais altas.
Estratégias para combater fraudes e desperdícios
Para combater essas questões, é possível adotar estratégias de conscientização, como: explicar detalhadamente as coberturas, limitações e procedimentos corretos para a utilização do plano; organizar eventos informativos para clientes, abordando temas como uso consciente do plano e o impacto financeiro das fraudes; desenvolver e distribuir material educativo sobre boas práticas na utilização dos serviços de saúde; manter canais abertos para esclarecer dúvidas e receber denúncias de possíveis irregularidades; e trabalhar em conjunto com as operadoras em campanhas de conscientização.
Apesar de seu papel fundamental, os corretores enfrentam desafios. A complexidade do tema e a necessidade de constante atualização exigem investimento em capacitação contínua. Além disso, é preciso superar a resistência de alguns clientes, que podem interpretar a orientação como uma tentativa de limitar o uso do plano.
“Encontrar o tom ideal para abordar esses assuntos mais delicados é crucial. Com esse alinhamento, as perspectivas são promissoras. Ao esclarecer as consequências das fraudes e promover o uso responsável dos serviços, os corretores contribuem para a sustentabilidade do sistema e para a manutenção de preços mais justos”, conclui Moutinho.