O foto do congresso é a interação entre as áreas de cuidados aos pacientes com câncer, já que a atuação multidisciplinar continua sendo a principal ferramenta de tomada de decisões na medicina moderna e em especial na oncologia.
Estima-se que, para 1,7 milhões de casos de câncer diagnosticados na América Latina e Caribe, com mais de um milhão de mortes por ano. Por isso, o papel das instituições na busca de eficiência na área aumenta e se torna mais evidente.
Associado à necessidade de eficiência inerente ao processo de evolução da medicina, o envelhecimento aumenta a incidência de tipos diferentes de câncer e o crescimento de gastos associado à inflação médica tornam a busca por produtividade e eficiência pontos chave para a sustentabilidade do setor e da prestação de serviços.
Outro ponto importante a ser considerado é o preço do medicamento de entrada. Há 15 anos era de, em média, US$4 mil por mês. Cada nova droga entra no mercado, atualmente, custando a média de US$10 mil dólares por mês.
Tivemos, também, explosão de soluções terapêuticas. Atualmente, a preocupação é muito menor com a droga em si e mais com o delivery, com a forma de entregar aquele tratamento, de forma inovadora e com menos efeitos colaterais.
Dr. Stephen Stefani comentou sobre os custos de novas drogas oncológicas. Um valor que chegava a, em média, $100 dólares na década de 80, hoje alcança 10 mil dólares. E, como pode ser visto no gráfico abaixo, o número de entrantes no mercado também tem aumentado expressivamente.
Com altos custos, como garantir o acesso ao cuidado de pacientes com câncer?
De acordo com a ASCO, quatro soluções podem ser destacadas:
- Aumentar o número de pacientes em estudos clínicos, transferindo o custo da medicação do paciente para os protocolos clínicos em estudo.
- Adotar políticas de preços diferenciados para países com menos recursos, trabalho de organizações como a Universities Allied for Essential Medicines;
- Adotar frameworks adaptados para a entrega de valor na oncologia;
- Investir na produção e disseminação dos biossimilares, reduzindo, assim, o custo de acesso;
Além dos custos de produção e distribuição do produto, Dr. Stephen citou também a burocracia do estado brasileiro, maior comprador deste tipo de medicamento.
“No Brasil, 34% vai para os tributos. Com o maior comprador sendo o próprio governo, os recursos, basicamente, saem do Ministério da Saúde e entram para o Ministério da Fazendo. No fim, a burocracia torna o sistema lento.”
A palavra de ordem, segundo Stephen, é coopetition, uma união entre competição e colaboração. No fim, se o objetivo do setor é ter o paciente no centro, não há outra saída. É preciso combinar esforços e facilitar o acesso aos tratamentos.