A fé inspira o diretor geral do Hospital de Câncer de Barretos, Henrique Prata, a  gerir uma instituição referência no tratamento oncológico, que atende 100% SUS e dá grandes saltos por meio de recursos advindos de doações. Leia sua participação na seção Personalidades, da Revista FH.

Para transformar o pequeno Hospital Geral São Judas Tadeu no grande e complexo Hospital de Câncer de Barretos foi precisome converter e me ocupar com as coisas que agradam a Deus e não só  a mim. Isso é uma doação de tempo e uma mudança de vida da água para o vinho, porque eu tinha um negócio só para dar lucro e Deus fez com que eu me ocupasse com o amor ao próximo e em cuidar de pessoas todos os dias.

Ser referência em oncologia para mais de 1600 municípios dentro e fora do Estado de São Paulo significa…  certo orgulho de provarmos que o melhor tem mais apreço e demanda e que do mesmo jeito que há problema, existe solução. O povo é sábio e tem conhecimento que vai encontrar o que há de melhor para o tratamento de câncer, conservando a essência de ser 100% SUS.  Nos tornamos um centro de excelência e pesquisa  e isso chama atenção fora do País.

Para equilibrar as contas de um hospital essencialmente filantrópico, que vive de  doações e recursos do SUS, fazemos1.000 campanhas por mês de tudo que você pode imaginar, e com o lançamento do livro ( Acima de tudo o amor), que conta a  história dos 50 anos do Hospital de Câncer de Barretos, o empresário conhece o projeto e ajuda. Inclusive o livro já está na segunda edição. Temos um déficit de R$ 8 milhões por mês no hospital.

O segredo para realizar mais de 100 mil atendimentos, oferecendo tecnologia de ponta a uma população que não pode pagar por recursos médicos avançados é a honestidade com que cada um faz seu trabalho aqui, e fazer o melhor não importando o custo. Não há nada que a medicina privada de São Paulo faça para um rico que aqui não façamos para o pobre.

Quero investir em educação médicapara evoluir, porque o maior número de erros que existem vem da falta de qualificação profissional em todas as áreas.  Quando se oferece tudo em termos de oportunidade de aprendizado, se elimina grande parte dos erros humanos.

A fé me leva à…  intimidade com Deus, a não ter medo de enfrentar as dificuldades pelo caminho.  Quando falta dinheiro, eu busco tudo o que há de melhor, eu provoco todo mundo para que todo dia seja melhor, para que hoje seja melhor do que ontem.  Eu não me conformo, pois todo dia há uma forma de ser melhor.

A lembrança do meu pai, o oncologista Paulo Prata, até hoje me inspiraporque não vi alguém como ele até hoje. Eu não vi um homem que abdicasse de dar o dinheiro para os filhos e investisse para atender o SUS.  Isso ocorreu há 50 anos e ele fez uma grande diferença com o tratamento humanizado e o meu maior desafio foi entender esta filosofia. A solução é reconstruir a dignidade da pessoa. A doença por si já deprime, então ou se restabelece a dignidade dela com todo amor para recuperar a autoestima ou não há remédio que resolva, o remédio é bem secundário.  Não conheci um homem mais próximo de Deus que meu pai, ele nunca cobrou uma consulta de um paciente.

A principal mudança em minha vida quando passei de fazendeiro a gestor hospitalar foi meu tempo. Eu passei de 50% dedicado às fazendas e 50%  pensando nas pessoas do hospital para 95%  de dedicação à instituição.

O hospital sobreviverá a mim porque... existe uma filosofia, eu sou só um maestro da orquestra. Deus me converteu para parar de pensar em bois e pensar em pessoas doentes, minha fé não me permite parar e a filosofia da instituição é tão maior que só precisa de um maestro  que não a deixe desafinar.