O ofício da enfermagem é de grande importância para o setor da saúde. No entanto, ainda que os profissionais da área sejam vistos como essenciais para o funcionamento da rotina clínica, existem algumas irregularidades e reivindicações dentro da profissão. Segundo a presidente da Federação Nacional dos Enfermeiros, Solange Caetano, o principal problema diz respeito à falta de regulamentação da jornada de trabalho.

De acordo com Solange, os colaboradores cumprem as especificações trabalhistas que estão na Constituição Federal, e vem lutando desde 1999 pelo direito de trabalharem 30 horas semanais ao invés de 44 horas. “Temos um projeto de lei que está tramitando na Câmara dos Deputados desde o ano 2000. Nossa meta é que ele entre em pauta e seja sancionado pela presidência da república”, declarou.

A Constituição Federal permite a acumulação remunerada de cargos, quando houver compatibilidade de horários para profissionais da saúde com profissões regulamentadas. Sendo assim é comum ver os profissionais de enfermagem trabalhando em mais de um emprego e tendo uma rotina profissional multiplicada.

No entanto, Solange contou que, os profissionais de enfermagem acabam trabalhando mais devido ao baixo número de colaboradores disponíveis nos hospitais. “Faltam profissionais de enfermagem no mercado e o setor clínico também contrata menos enfermeiros. Sendo assim, quem está no plantão precisa cobrir a ausência dos companheiros”.

Mesmo que existam irregularidades quanto à rotina de trabalho dos enfermeiros, vale lembrar que essa situação pode variar de uma instituição para outra. De acordo com Solange, as localidades mais críticas são as regiões Norte e Nordeste. “Nestes lugares os profissionais chegam a trabalhar 48 horas por semana”.

Piso salarial

Além dos problemas relacionados à alta carga horária de trabalho, a classe dos enfermeiros também reivindica a questão salarial.

Segundo a presidente, não existe um piso salarial nacional para a enfermagem. “Cada estado possui uma margem de remuneração. E ressaltou que o serviço público trabalha com valores diferentes do setor privado. Nossa meta é que exista um valor padrão”, declarou.

Este ano, os enfermeiros iniciaram um novo diálogo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. “Além de contatarmos Padilha, também estamos em contato com as principais entidades representativas da enfermagem, no intuito de discutirmos a questão orçamentária e previdenciária”, disse Solange.  

Condições de trabalho

Outra questão abordada pelos profissionais da enfermagem diz respeito às condições de trabalho. Segundo Solange, o setor da saúde passa por um momento delicado, onde faltam leitos para acomodar os pacientes, há déficit de material de trabalho e a estrutura de muitos hospitais está precária.

“Os enfermeiros ficam em contato direto com os pacientes. Muitas vezes, por falta de médicos, nós temos que dar determinadas notícias ao público, correndo o risco de sofremos agressão verbal e física”, falou.

A ausência de uma área direcionada ao descanso dos profissionais de enfermagem também é um fator que incomoda os trabalhadores. Ainda de acordo com Solange, dependendo da instituição, não existe um local para descanso, reunião ou para fazer refeições.

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