No planejamento estratégico das organizações da saúde, a busca pela redução de custos deixou de ser um evento. Se antigamente, a agenda dos projetos a serem executados no ano seguinte mencionava grandes revoluções na forma como a empresa administrava seus recursos, nos tempos atuais o uso racional do dinheiro aplicado na garantia da operação passou a ser uma tarefa de rotina, compartilhada por todos os setores e profissionais que nela atuam.
Entretanto, é interessante perceber que esta necessidade de eficiência operacional e de bom emprego dos recursos não foi acompanhada de investimentos compatíveis no desenvolvimento e capacitação de um profissional-chave neste processo: o comprador.
Via de regra, os compradores do setor da saúde são pessoas que desempenhavam um bom papel administrativo em outras áreas e, sem que houvesse um trabalho de preparação para a realização de suas
tarefas, conheceram na prática como executá-las.
Eu faria uma analogia ao ato de aprendermos a pedalar uma bicicleta sem rodinhas. Você volta para casa com o susto de quase ter sido atropelado, o orgulho dolorido, a motivação ralada e a frustração de
ter conseguido rodar apenas poucos metros, agravada pelas palavras do pai que nos conforta dizendo: ?É caindo que se aprende!?.
Em outras instituições, a opção é escolher os profissionais da aquisição com base na confiança ou honestidade que demonstram, como se um perfil ético fosse a única competência necessária para ser um bom comprador. E lá eles permanecem, sem corrupção, mas também sem resultados compatíveis com a importância do cargo.
Em ambos os casos, há uma forte tendência de que a atividade do comprador tenha um perfil puramente operacional, em que o profissional nada mais é do que um simples ?tirador de pedido?. E isto, além de um desperdício de talento, configura uma postura totalmente oposta à inevitável necessidade de menores custos.
Muitas vezes buscamos soluções mirabolantes para antigos problemas, sem perceber que elas podem estar bem em frente a nossos olhos. Basta percebe-las e prepará-las.
A verdade é que não há plano constante de controle ou redução de gastos sem compradores capacitados, que realizem suas atividades com a técnica, credibilidade, atualização de conhecimento e segurança pertinentes à função estratégica que exercem.
Sugiro aos compradores ou gestores hospitalares que estão lendo este texto que recapitulem o total de horas de treinamento que foram oferecidas à equipe de Compras no ano de 2012.
Se o resultado não atingiu o mínimo de 37,5 horas anuais/per capita, você estará abaixo da média do mercado brasileiro e, muito provavelmente, sua empresa está contando com um desempenho de Compras inadequado e, talvez, insuficiente para garantir a sobrevivência da organização.
Disponível também no site www.condutasaude.com.br