O uso da tecnologia ainda suscita debates: no fim das contas, ela afasta ou aproxima as pessoas? Embora cada um tenha uma opinião sobre o tema, permitam-me mostrar o lado positivo desse meio, aquele que conecta, une e, por que não dizer, fortalece. Para apresentar minha ideia, trago como exemplo a tragédia climática que assolou o Rio Grande do Sul no último maio. O apoio da tecnologia foi fundamental em diversos momentos, dos resgates ao acolhimento das vítimas, da formação de redes de voluntários à distribuição de doações. 

Para os salvamentos, a Força Aérea Brasileira contou com o auxílio de drones para encontrar moradores de áreas alagadas. Antenas de comunicação via satélite também fizeram parte do arsenal usado para localizar indivíduos ilhados. Somaram-se aos esforços helicópteros com imageadores térmicos, capazes de identificar pessoas durante a noite. Entre os voluntários, as redes sociais serviram de meio de comunicação para divulgar os pontos de resgate, de doação e as necessidades de cada local. 

Na área da Medicina, não foi diferente. As tecnologias serviram de alento aos mais afetados, atuando na manutenção da saúde, facilitando o acesso a atendimentos e rompendo barreiras geográficas. Por meio da telemedicina, foi possível driblar a distância física entre médicos e pacientes e transpor as águas que tornaram muitas regiões inacessíveis. 

Como instituição de saúde, o Hospital Moinhos de Vento não deixou de ajudar no pior momento da história gaúcha. Criou projetos para atender de forma online as vítimas das enchentes, os profissionais de saúde, os voluntários, os funcionários de empresas parceiras e os próprios colaboradores. 

Em uma frente de atuação, ofereceu serviços de pronto atendimento adulto e pediátrico. Poucas horas após o anúncio da disponibilidade, 280 pessoas já haviam se cadastrado para serem atendidas pelas equipes. Outra iniciativa foi a oferta de suporte na área de saúde mental. De forma ágil, foram realizadas mais de 120 consultas. 

Em pouco mais de um mês, a área de Saúde Digital prestou mais de mil atendimentos gratuitos à população. Nos momentos mais desafiadores, vimos a tecnologia não só como uma ferramenta, mas como um elo de esperança e resiliência. Ela não apenas conectou vidas, mas também fortaleceu o espírito de solidariedade e coragem. 

Como disse Maya Angelou, “aprendi que as pessoas esquecerão o que você disse, as pessoas esquecerão o que você fez, mas as pessoas nunca esquecerão como você as fez sentir.” Que essa força transformadora continue a nos guiar na reconstrução do Rio Grande do Sul. 

* Felipe Cezar Cabral é Gerente médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento.