Saúde Suplementar Investe mais em UTI enquanto SUS investe mais em Semi e Cuidados Intermediários

Fonte: Geografia Econômica da Saúde no Brasil

(*) Todos os gráficos são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil – Edição 2020.

Os gráficos demonstram a quantidade e distribuição dos leitos de UTI e Semi no Brasil em 2019:

·         49.961 leitos de UTI, sendo 22.906 no SUS e 27.055 na Saúde Suplementar.

·         9.955 leitos tipo Semi e de cuidados intermediários, sendo 5.941 no SUS e 4.014 na SS.

Estes números apontam algo muito marcante no Brasil:

·         Em praticamente todos os indicadores de leitos, o volume do SUS sempre é maior, bem maior, que o da SS, menos no caso das UTI’s;

·         Como a remuneração da SS para UTI é muito superior a qualquer outra coisa, o sistema de financiamento afeta significativamente a prática assistencial, e por consequência a configuração dos leitos.

Vamos lembrar que existe 3 pacientes no SUS para cada paciente da saúde suplementar:

·         Se a assistência adotasse o mesmo protocolo sempre, teoricamente teríamos uma proporção de 1 para 3 leitos de UTI na SS para o SUS;

·         Mas o volume de leitos está longe de chegar perto dessa proporção, a ponto de haver na SS mais leitos que no SUS;

·         E vamos notar que em relação aos leitos tipo semi e de cuidados intermediários, onde a discrepância da remuneração não é tão elevada, o SUS apresenta mais leitos que a SS.

Analisando a evolução geral nos volumes de leitos, podemos observar que nos últimos 2 anos houve crescimento significativo:

·         4.532 leitos de UTI

·         434 leitos tipo semi e de cuidados intermediários.

Analisando a evolução em percentuais:

·         Em apenas 2 anos tivemos um crescimento de 10 % no volume de leitos de UTI no Brasil;

·         E crescimento de 4,6 % no volume de leitos tipo semi e de cuidados intermediários.

Nada mal, mas juntos os sistemas (SS e SUS) escondem indicadores ainda mais surpreendentes.

Estes gráficos estratificam por SUS e SS:

·         Só na Saúde suplementar em 2 anos foram criados 3.406 leitos de UTI;

·         Isso é mais do que o total de leitos existentes no Acre, Amapá e Roraima;

·         É quase o número total de leitos do estado do Sergipe

Em termos percentuais:

·         Um crescimento absurdo de 14,4 % na SS … em apenas 2 anos;

·         E mesmo no SUS, um crescimento de 5,2 %

E este demonstra a evolução no volume de leitos tipo semi e de cuidados intermediários:

·         Nota-se que na SS não houve crescimento significativo;

·         Mas no SUS sim.

Analisando em termos percentuais, em 2 anos:

·         Na saúde suplementar um crescimento de apenas 1,2%, um dos menores dentre todos os indicadores de crescimento na SS;

·         Já no SUS, 7%, um dos maiores

Os indicadores são bem evidentes:

·         Na SS onde a prioridade é a rentabilidade, o investimento é maior nas UTIs, que geram proporcionalmente maiores receitas;

·         NO SUS onde a prioridade é conter custos, é melhor privilegiar unidades de menor custo

Nesta época se discute quantos leitos de UTI existem para o caso de necessidade em relação ao avanço do COVID-19:

·         São ~ 50.000 leitos de UTI e ~ 10.000 leitos tipo semi;

·         No caso de uma evolução catastrófica do volume de casos graves evidentemente não seriam suficientes;

·         Mas vamos combinar que, relativamente, comparado à maioria absoluta dos países do mundo, é um indicador bem melhor;

·         Considerando que nem todos os necessitados chegarão ao ponto de necessitar de UTI, graças a Deus o Brasil está em uma situação melhor do que muitos países que se intitulam como “modelos a serem seguidos” em sistemas de saúde pública.

Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós Graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós Graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós Graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado