Temos observado, com frequência, em artigos,
publicações e palestras a citação de dados epidemiológicos antigos ou
requentados da literatura internacional que, além de desatualizados nada tem a
ver com o nosso país e a nossa cultura. Deste
modo, é fundamental que os profissionais, particularmente os que atuam em
planejamento e gestão em saúde, tomem conhecimento das pesquisas populacionais
que acontecem no Brasil.
No final do ano passado, foram apresentados os
primeiros resultados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) que é resultado de uma
parceria do IBGE com o Ministério da Saúde, que representa um grande
investimento do Estado brasileiro visando preencher a lacuna de informações em
saúde em nosso país. O inquérito é composto por três questionários: o
domiciliar, referente às características do domicílio, nos moldes do censo
demográfico e da PNAD; o relativo a todos os moradores do domicílio, que dará
continuidade ao Suplemento Saúde da PNAD; e o individual, a ser respondido por
um morador de 18 anos e mais do domicílio, selecionado com equiprobabilidade
entre todos os residentes elegíveis, que dará enfoque às principais doenças
crônicas não transmissíveis, aos estilos de vida, e ao acesso ao atendimento
médico. No morador adulto selecionado, serão feitas aferições de peso, altura,
circunferência da cintura e pressão arterial, bem como coleta de sangue para
realização de exames laboratoriais para caracterizar o perfil lipídico, a
glicemia e a creatinina plasmática. Uma coleta de urina será feita visando
obter dados de função renal e consumo de sal. Os exames laboratoriais serão
feitos em uma subamostra de 25% dos setores censitários selecionados no plano
de amostragem. Se consentido, as amostras de sangue serão armazenadas, sem
identificação dos sujeitos, para criação de soroteca. (http://www.pns.icict.fiocruz.br/).
A seguir, aponto alguns dados relevantes da pesquisa, que pode ser obtida no
link http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pns/2013/default.shtm
.
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR”>Em 2013,
segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), o Brasil tinha 146,3 milhões de
pessoas com 18 anos ou mais de idade e 66,1% delas avaliam a própria saúde como
boa ou muito boa. No Nordeste foram 56,7% e no Sudeste, 71,5%.
font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-language:PT-BR”>Entre as pessoas com 18 anos ou mais, 37,3%
consumiam cinco porções diárias de frutas e hortaliças (quantidade recomendada
pela OMS). Comportamento inverso se dava com o feijão, consumido regularmente
(em cinco ou mais dias da semana) por 71,9% das pessoas. Entre as pessoas de 18
anos ou mais, 23,4% consumiam refrigerantes pelo menos cinco dias por semana. O
consumo regular de bolos, tortas, chocolates, balas e biscoitos doces em cinco
dias ou mais na semana era um hábito para 21,7% das pessoas com 18 anos ou
mais. Para 14,2% das pessoas, o seu próprio consumo de sal era considerado alto
ou muito alto.
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR”>Na
população com 18 anos ou mais de idade, 24,0% consumiam bebida alcoólica uma
vez ou mais por semana. A PNS estimou que, em média, os homens começam a beber
aos 17,9 anos e as mulheres, aos 20,6 anos. A pesquisa também investigou se as
pessoas com 18 anos ou mais de idade conduziam carro ou motocicleta depois de
ingerirem bebidas alcoólicas. O percentual encontrado foi de 24,3%.
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR”>A prática
do nível recomendado de atividade física no lazer foi informada por 22,5% dos
adultos. Entre a população com 18 anos ou mais, 46,0% eram insuficientemente
ativos, isto é, não praticaram qualquer atividade física no lazer nos últimos
três meses, não realizaram esforços físicos intensos no trabalho, não se
deslocaram para o trabalho ou a escola a pé ou de bicicleta. Cerca de 42,3
milhões de pessoas, ou 28,9% dos adultos, assistiam à televisão por três ou
mais horas diárias.
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR”>A PNS
constatou que 14,5% dos adultos fumavam cigarros industrializados e 12,7% eram
fumantes diários de algum produto de tabaco. Entre os fumantes, 51,1% tentaram
parar de fumar nos 12 meses anteriores à visita da PNS, sendo 47,9% dos homens
e 55,9% das mulheres. Já entre os não fumantes que trabalhavam em ambientes
fechados, 13,5% estavam expostos ao fumo passivo.
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR”>Em 2013,
21,4% (31,3 milhões) das pessoas com 18 anos ou mais de idade referiram o
diagnóstico médico de hipertensão arterial. Do total de hipertensos, 69,7%
afirmaram ter recebido assistência médica nos 12 meses anteriores ao período de
referência da pesquisa.
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR”>Em 2013,
9,1 milhões de pessoas com 18 anos ou mais (ou 6,2% dos adultos) receberam
diagnóstico de diabetes e entre as complicações de saúde decorrentes do
diabetes, a mais relatada foi a ocorrência de problemas de visão, que incidiam
em 36,6% das pessoas com diagnóstico de diabetes há 10 anos ou mais e em 21,5%
das pessoas com diagnóstico há menos de 10 anos. Já o colesterol alto foi
diagnosticado em 12,5% dos adultos (18,4 milhões).
font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-language:PT-BR”>Em 2013, 4,2% (6,1 milhões) de pessoas de 18 anos
ou mais de idade tiveram diagnóstico médico de alguma doença do coração. As
doenças cardiovasculares são a
"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR”> causa de morte no Brasil. Entre as pessoas com 18 ou mais anos de idade, 1,5% (2,2 milhões) receberam diagnóstico de acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame. A prevalência de pessoas com sintomas de angina também foi investigada. A angina pode ocorrer no grau 1 (dor ou desconforto no peito ao subir ladeiras, um lance de escadas ou ao caminhar rápido no plano) ou no grau 2 (dor ou desconforto no peito ao caminhar em lugar plano em velocidade normal).
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR”>
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR”>A PNS
estimou que 7,6% (11,2 milhões) das pessoas de 18 anos ou mais de idade
receberam diagnóstico de depressão por profissional de saúde mental. Aproximadamente
metade (52,0%) das pessoas com esse diagnóstico usavam medicamentos para
depressão e 16,4% delas faziam psicoterapia. Apenas 46,4% dos que informaram
terem sido diagnosticados receberam assistência médica para depressão nos 12
meses anteriores à pesquisa. Quanto ao motivo para não receber assistência
médica apesar do diagnóstico de depressão, 73,4% alegaram não estar mais
deprimidos; 6,6% que não tinham ânimo; 4,6% disseram que o tempo de espera no
serviço de saúde era muito grande; 2,4% que tinham dificuldades financeiras;
2,1% que o horário de funcionamento do serviço de saúde era incompatível com
suas atividades de trabalho ou domésticas e 10,9% relataram outros motivos.
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR”>Foi
estimado que 1,8% das pessoas de 18 anos ou mais de idade (2,7 milhões de
adultos) referiram diagnóstico médico de câncer no Brasil. Considerando-se os
casos de primeiro diagnóstico na população com 18 anos ou mais, os quatro tipos
mais frequentes de câncer encontrados pela PNS foram o câncer de mama (relatado
por 39,1% das mulheres), o câncer de pele (que incidia em 16,2% dos adultos), o
câncer de próstata (36,9% dos homens) e o de colo de útero (11,8% das
mulheres).
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR”>A
pesquisa confirma a alta prevalência de fatores de risco para doenças crônicas
em nossa população, que exige estratégias e programas em grande escala,
envolvendo diferentes setores, inclusive envolvendo os determinantes sociais de
saúde. Confirma também que serão necessárias ações especialmente elaboradas
para a nossa cultura que talvez devam ir além da mera adaptação de ferramentas
utilizadas no exterior. Chama a atenção a importância da saúde mental, em que a
PNS confirma a insuficiente atenção ao problema, que é a principal causa de
comprometimento da saúde geral atualmente e que ainda não é prioridade dos
gestores de saúde públicos e privados.