Inaugurado em Bon Repos, bairro da capital do Haiti, Porto Príncipe, um complexo hospitalar integrará a rede de assistência de média complexidade do país caribenho graças a uma cooperação internacional com participação da Fiocruz. O objetivo é fortalecer e reestruturar o sistema de Saúde e de vigilância epidemiológica do país, até hoje abalado após o terremoto que arrasou a cidade em janeiro de 2010.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, participou da cerimônia, que também contou com a presença do presidente haitiano, Michel Josephy Martelly, e do ministro da Saúde cubano, Roberto Tomaz Morales. Firmado em 2010 entre os governos do Brasil, de Cuba e do Haiti, o acordo tem como objetivo fortalecer a autoridade sanitária haitiana e reestruturar o sistema de assistência à saúde e de vigilância epidemiológica do país.
?O projeto nos coloca uma grande responsabilidade: a de levarmos os resultados dessa cooperação ao conhecimento de nossos países e da comunidade internacional como um exemplo de boa prática de cooperação sul-sul em prol da saúde. Assim poderemos também trocar o conhecimento que acumulamos com mais países interessados?, disse Chioro.
Detalhes
O complexo está situado na região metropolitana de Porto Príncipe e é composto pelo Hospital Comunitário de Bon Repos, pelo Instituto Haitiano de Reabilitação e pelo Laboratório de Órteses e Próteses ? estes últimos serão referência nacional no tratamento a pessoas com deficiências físicas (auditiva, visual, motora e mutilados). O governo brasileiro investiu cerca de R$ 25 milhões nas obras e equipamentos. As unidades contam com serviço ambulatorial para a realização de consultas e pequenas cirurgias, atendimento a emergências e 52 leitos para internação, atendendo cerca de 250 mil haitianos em situação de vulnerabilidade.
Outros dois hospitais comunitários de referência financiados pelo governo brasileiro foram construídos na região metropolitana de Porto Príncipe e estão sendo preparados para a inauguração, um na região de Carrefour e outro em Beudet. Eles também integrarão a rede de média complexidade, que atenderá, em conjunto com as demais unidades, 300 mil haitianos. Todos os serviços funcionarão de forma integrada e em articulação com a rede de Atenção Básica do país.
A cooperação tripartite, que envolve Brasil, Haiti e Cuba, também realiza ações voltadas para a formação de recursos humanos e para a vigilância em saúde. Foram formados cerca de 380 agentes comunitários haitianos para atuar na Atenção Básica das regiões de Carrefour, Bon Repos e Beudet, e, até o final do ano, a previsão é formar mil. Estão sendo investidos cerca de R$ 5 milhões na formação desses agentes e de outros 550 auxiliares de enfermagem.
A vigilância epidemiológica do país também foi reforçada por meio do acordo. O Ministério da Saúde financiou a reconstrução de dois laboratórios especializados em vigilância epidemiológica, responsáveis por realizar os principais exames necessários à identificação de doenças relevantes, como malária, dengue, tuberculose, hanseníase e cólera, e pelo controle de vetores e insetos. A ação representou um investimento de R$ 1 milhão, usado na reforma das instalações físicas e para a compra de equipamentos. Um desses estabelecimentos, o Laboratório de Saúde Pública de Cabo Haitiano, já está em pleno funcionamento desde novembro de 2012.
O recurso total destinado à cooperação é de U$ 67,5 milhões (aproximadamente R$ 135 milhões). No Brasil, participam da ação o Ministério da Saúde, as universidades federais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (UFRGS e UFSC), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Fiocruz.