América Latina, África e, nos próximos anos, América do Norte. Estratégia comercial baseada em distribuidores e parceiros de canal com know how para aumentar a penetração local sem gastos excessivos, mas sem descartar presença comercial ou aquisições de outras empresas. Sistemas adaptados para o espanhol, inglês e português lusófono. Faturamento no exterior ultrapassando o obtido no Brasil nos próximos quatro anos.
Em linhas gerais, este é o caminho que a MV Sistemas, empresa de Recife (PE) especialista em sistemas de gestão de instituições na área de Saúde, espera percorrer nos próximos anos. A empresa anunciou recentemente a conquista de um grande cliente na República Dominicana, o Cedimat. Os diretores da Microdata, especialista em gestão de imagens radiológicas e adquirida pela MV em 2012, também mostraram otimismo durante a JPR 2014 a respeito do crescimento fora do Brasil.
Marcos Sobral, diretor de negócios internacionais da MV, conversou com o Saúde Web a respeito do movimento de expansão da empresa em um momento de forte concorrência internacional. Diante da recente crise econômica na Europa e nos EUA, a América Latina tornou-se um mercado a ser explorado por todos. ?Nossos principais concorrentes também são estrangeiros nesses países?, disse.
Saúde Web: A MV anunciou recentemente a conquista de um cliente importante na República Dominicana, o Cedimat. Quantos clientes a empresa possui fora do Brasil? Em que países ou regiões eles estão concentrados?
Sobral: A MV tem seis clientes fora do Brasil, sendo dois em Angola, dois no Chile, um na República Dominicana e um no México.
SW: A empresa possui escritórios fora do Brasil? Pretende possuir ou expandir este número? Ou atuar apenas com revendedores/distribuidores/canais? América Latina é o principal alvo?
Sobral: Temos distribuidores em Angola, Moçambique, Chile, República Dominicana, México, Colômbia, Uruguai. Estes representantes iniciam com uma atuação preponderantemente comercial, entretanto, à medida que se consolidam, passam a atuar também como implementadores e provedores de suporte local. Estes são os focos iniciais de expansão, de modo que neste e no próximo ano trabalharemos na consolidação destes mercados. Em 2016 expandiremos para outros países, em especial na América do Norte.
SW: De que forma se dará essa expansão? Qual a estratégia comercial?
Sobral: A estratégia será mantida: primeiro se identifica um parceiro, depois se estabelece a representação. Nesta fase, passamos a nossa metodologia e processos comerciais para o parceiro e apoiamos todas as suas iniciativas, num processo de coaching. Depois que conquistamos um cliente, iniciamos os procedimentos de implantação, apoiados pelo parceiro, que passa a adquirir know how para que, paulatinamente, possa ocupar maior espaço e independência nos projetos futuros. No que tange ao Chile, criamos uma Unidade Regional de Serviços para prover pessoal e atendimento para os futuros projetos de implantação e suporte a toda a América Latina. Poderíamos ter optado por fazer aquisições ou começar uma filial do zero para trabalhar, mas nossa opção foi identificar parceiros estratégicos. O que a gente ganha: conhecimento do país, do mercado, e diminui muito os nossos investimentos. Claro que as margens são maiores para os parceiros, mas é uma alternativa e um caminho.
SW: Aquisições de outras empresas são uma possibilidade nesta estratégia?
Sobral: Sim e consideramos como uma possibilidade muito concreta e eficiente para ganhar mercado rapidamente. Ocorre que não é fácil encontrar uma empresa que tenha uma imagem muito positiva no mercado, e que atue no mesmo segmento que a MV.
SW: Porque expandir para fora do Brasil? O mercado potencial é realmente promissor?
Sobral: O Brasil tem um mercado extremamente maduro e concorrido, no qual a nossa imagem e liderança já está bastante consolidada. Por outro lado, o mercado da América Latina está em pleno crescimento e nossas soluções, já bem amadurecidas, apresentam uma ótima aderência. Poucos países da América Latina têm empresas locais que desenvolvam sistemas de classe mundial para a saúde, de modo que nossos principais concorrentes também são estrangeiros nesses países, passando pelas mesmas dificuldades de adequação e localização que a MV. Nesses países, os preços praticados são compatíveis com os preços praticados no mercado internacional, iguais ou superiores aos praticados no Brasil.
SW: Que tipo de adequação é necessário fazer nos produtos?
Sobral: Há três principais necessidades de adequações a serem feitas em qualquer sistema que pretenda entrar em outro país: tradução, localização e adequação legal. A tradução e a localização são atividades mais comuns e simples. A adequação legal é muito mais complexa, pois exige um estudo muito profundo sobre a legislação e marcos legais de cada país. Na MV, há uma equipe de inteligência de negócios dedicada a este estudo.
SW: Os sistemas da MV já estão traduzidos para outras línguas?
Sobral: Espanhol, português de Angola e inglês são os três principais idiomas previstos para os próximos cinco anos. Estamos trabalhando este ano no inglês, um idioma que mesmo não sendo base, é adotado facilmente em países como Iraque. Os árabes adotam perfeitamente sistemas em inglês. O mercado brasileiro também já foi assim, mas hoje está mais maduro.
SW: No Brasil vocês superam players multinacionais consagrados. Fora daqui a concorrência parece naturalmente mais acirrada e difícil. Você concorda? Quais os trunfos da MV nesta briga?
Sobral: Sim, a concorrência fora do Brasil é maior e aberta. Mas a MV tem se saído muito bem, porque nosso sistema tem características tecnológicas e funcionais de alto nível, comparáveis às dos principais players mundiais. Nosso diferencial, além da tecnologia e usabilidade, está na abrangência e integração dos nossos produtos. Poucas empresas no mundo conseguem cobrir virtualmente todas as necessidades de automação na saúde como a MV e isso nos promove a um patamar onde poucas empresas conseguem estar.
SW: Qual as expectativas da MV com este movimento em termos de crescimento e/ou faturamento?
Sobral: A nossa expectativa é que nosso faturamento com os clientes internacionais supere os dos brasileiros a partir de 2018. Hoje mais ou menos 5% do nosso faturamento já vem de fora, e creio que isto aumente muito rapidamente. Mercado brasileiro já é maduro, mas lá fora é muito receptivo. Neste momento nosso foco vai ser América Latina, os países de língua inglesa depois.
Com estratégia de distribuidores, MV aposta na A. Latina
Empresa espera igualar faturamento no exterior ao brasileiro até 2018. Softwares em inglês preparam entrada futura na A. do Norte
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