Compreensões equivocadas sobre o que causa câncer e como a doença progride ainda estão presentes, apesar dos esforços para a disseminação de informações. Essa foi a conclusão de estudo conduzido pelo Dr. Paul Symonds, da universidade inglesa de Leicester, recentemente publicado no periódico Clinical Oncology. “A pesquisa confirmou que as pessoas não compreendem o papel da alimentação errada, da obesidade e do sedentarismo no desenvolvimento da doença”, comenta o oncologista Murilo Buso, do Centro de Câncer de Brasília.

Entre setembro de 2007 e janeiro de 2010, pesquisadores ouviram 279 pacientes caucasianos diagnosticados com câncer na Inglaterra. O objetivo foi comparar as crenças com as de um grupo formado por asiáticos que também vivem naquele país. Os resultados mostraram que ambos os grupos supervalorizaram o papel da poluição, do estresse e de feridas como causas da doença.

Mitos – Cerca de 25% dos pacientes afirmaram acreditar que o câncer é causado por feridas. Aproximadamente 20% apontaram que o tratamento da doença – em particular a cirurgia – pode ajudar a doença a se proliferar. E mais: 30% disseram acreditar que abordagens alternativas, como ervas e acupuntura, podem ser tão efetivas quanto a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia.

“Mitos como esses comprometem o enfrentamento da doença e, com isso, reduzem as chances de cura”, adverte Dr. Murilo. Para a pesquisadora Karen Lord, “é vital que pessoas diagnosticadas recebam informações precisas sobre as opções de tratamento para que possam decidir com base em evidências médicas”.

Cedo – Um aspecto positivo apontado pelo estudo foi que 93% dos participantes reconheceram a importância da detecção precoce. A maioria também disse acreditar que o câncer é curável. “Outro aspecto digno de nota é que 84% da amostragem confirmaram que o tabagismo está ligado à doença”, comenta Dr. Murilo, que coordena o movimento “Sem Tabaco, 100% fashion”, desde 2003.

Para o especialista brasileiro, a pesquisa reforça a importância de campanhas educativas e esclarecedoras sobre as principais causas do câncer e os atuais tratamentos disponíveis. “A doença tende a se tornar a doença tende a ser tornar a primeira causa de morte em países desenvolvidos nas próximas décadas. Ainda temos tempo para atuar sobre esse prognóstico”, conclui Dr. Murilo.