A Clínica Grand House é uma das pioneiras na inclusão de surdos no tratamento da dependência química. Para isso, contratou uma intérprete de libras que acompanha o paciente em todas as atividades relacionadas à recuperação. Um serviço essencial para um paciente com a deficiência auditiva, segundo o diretor terapêutico da Grand House, Sergio Castillo.

“É uma prestação de serviço fundamental. Já não é fácil ter qualquer tipo de deficiência física e conviver com as limitações impostas pela mesma. A adicção é uma doença e outra dificuldade para o ser humano. Então pensamos na melhor forma de um surdo ser tratado. Contratamos uma professora de libras para que o paciente sinta-se o mais incluso possível durante o seu tratamento”, disse.

Regiane Cristina da Silva, 37 anos, é intérprete de libras da Clínica Grand House. Ela acompanha o paciente H. M., que é surdo, em sua recuperação. Regiane fala de sua experiência na área de dependência química e com Henrique:

“Ele não gosta de ser visto como diferente e sua turma, fora da clínica, são de surdos. Na Grand House ele sentiu a dificuldade normal de estar entre os que ouvem. Minhas mãos são a audição e a voz dele. Comigo ao seu lado, ele tranquiliza e acaba se sentindo incluído no tratamento de adicção”, afirma.

A intérprete de libras conta que sentiu alguma dificuldade na linguagem relacionada à dependência química, como a palavra adicção: “Existem algumas palavras que não têm a tradução exata na linguagem de sinais. Então eu explico para o paciente H.M. e tento dar significado a tudo que está sendo dito de uma forma ou de outra. O importante é que a gente se entende e ele fica por dentro de tudo relacionado ao tratamento e também tem amizade com os outros pacientes”, conta.

A maior preocupação de Regiane e da equipe terapêutica da Grand House é que em nenhum momento o paciente surdo sinta-se excluído das atividades. Mesmo quando todos os internos estão fazendo refeições juntos, Henrique quer saber tudo que está acontecendo.

“Por exemplo, se a turma ri ele na hora me pergunta o motivo. Não quer perder a piada por nada”, observa.

O paciente H.M., que mora no Rio de Janeiro, só encontrou tratamento especializado na Clínica Grand House. Através das mãos de Regiane ele fala como se sente e alerta para um problema social:

“Se eu não tivesse a Regiane, seria muito difícil me tratar. As pessoas parecem que não percebem, mas há muitos surdos dependentes químicos. É que infelizmente eles se envergonham e escondem o problema”, disse o paciente.

Sabemos que o preconceito em relação às drogas existe não só entre os surdos, mas em toda a sociedade. Infelizmente esta é uma barreira a ser superada. O importante é acreditar que a doença pode ser tratada e o adicto pode viver longe das drogas através de um bom programa de recuperação.