A clínica Grand House é uma das pioneiras na inclusão de surdos no tratamento da dependência química. Para isso, contratou uma intérprete de libras que acompanha o paciente em todas as atividades relacionadas à recuperação.
Regiane Cristina da Silva, 37 anos, é intérprete de libras da clínica Grand House. Ela acompanha o paciente Henrique Montenegro, que é surdo, em sua recuperação. Regiane fala de sua experiência na área de dependência química e com Henrique:
“Ele não gosta de ser visto como diferente e sua turma, fora da clínica, são de surdos. Na Grand House ele sentiu a dificuldade normal de estar entre os que ouvem, sendo que não ouve. Minhas mãos são a audição e a voz dele. Comigo ao seu lado, ele tranquiliza e acaba se sentindo incluído no tratamento de adicção”, afirma.
A intérprete de libras conta que sentiu alguma dificuldade na linguagem relacionada à dependência química, como a palavra adicção: “Existem algumas palavras que não têm a tradução exata na linguagem de sinais. Então eu explico parao o Henrique isto e tento dar significado a tudo que está sendo dito de uma forma ou de outra. O importante é que a gente se entende e ele fica por dentro de tudo relacionado ao tratamento e também tem amizade com os outros pacientes”, conta.
A maior preocupação de Regiane e da equipe terapêutica da Grand House é que em nenhum momento o paciente surdo sinta-se excluído das atividades. Mesmo quando todos os internos estão fazendo refeições juntos, Henrique quer saber tudo que está acontecendo.
“Por exemplo, se a turma ri ele na hora me pergunta o motivo. Não quer perder a piada por nada”, observa.
Henrique, que mora no Rio de Janeiro, só encontrou tratamento especializado na clínica Grand House. Através das mãos de Regiane ele fala como se sente e alerta para um problema social:
“Se eu não tivesse a Regiane, seria muito difícil me tratar. As pessoas parecem que não enxergam, mas há muitos surdos dependentes químicos. É que infelizmente eles se envergonham e escondem o problema”, disse o paciente.