A endometriose é considerada uma das doenças ginecológicas crônicas mais tratáveis e, no entanto, menos tratada. Atualmente, ela atinge cerca de 15% das mulheres em idade reprodutiva no mundo. No Brasil, esses dados representam, aproximadamente, 6 milhões de pessoas com a enfermidade. A característica da doença se dá pela presença de tecido endometrial – revestimento interno do útero – fora da cavidade uterina, que se implanta em outros órgãos, como os ovários, o intestino, a bexiga e no próprio abdômen. Os principais sintomas da endometriose são a dificuldade para engravidar e a dor pélvica, especialmente no período menstrual.
Pensando em tratar de forma mais completa essa doença, a CliniOnco – Tratamento Integrado do Câncer – vai inaugurar em janeiro o primeiro Centro de Endometriose no Estado. O espaço vai contar com uma equipe especializada, com ampla experiência no manejo da doença. De acordo com o coordenador do Centro de Endometriose da CliniOnco, Geraldo Gomes da Silveira, a clinica decidiu ampliar a sua atuação, pois identificou a necessidade de um centro de referência da doença no nosso meio, considerando, ainda, que as semelhanças no tratamento da endometriose e do câncer são cada vez mais evidentes. “Essas doenças têm fortes semelhanças na sua complexidade, tanto na área da cirurgia, em que deve-se retirar toda a parte afetada, quanto na questão do tratamento medicamentoso”, alerta. No entanto, a diferença entre o câncer e a endometriose é que esta última é uma doença benigna. Além disso, Gomes da Silveira destaca que o grupo de profissionais que atuarão no Centro de Endometriose vai oferecer um tratamento multidisciplinar. Ou seja, como a doença atinge vários órgãos do corpo o paciente terá um profissional para cuidar de cada caso específico.
Causas
A causa exata da doença ainda não é conhecida. O que ocorre é a migração de células endometriais para a cavidade abdominal, pelas trompas de falópio, durante a menstruação. Os locais mais comuns de implantação são os ovários, trompas de falópio, superfície externa do útero,vagina e o reto, podendo, ainda , acometer vias urinárias e bexiga. Outras teorias sugerem alterações do sistema imunológico e mesmo uma herança genética.
Consequências
A paciente com endometriose pode sentir cólicas frequentes e/ou dor durante a relação sexual, além disso, pode ter queixas urinárias e intestinais. No entanto, um dos principais sintomas da endometriose é a dificuldade para engravidar.
Diagnóstico
Segundo o diretor do Centro de Endometriose da CliniOnco, Geraldo Gomes da Silveira, o principal fator responsável pelo sub-tratamento é a dificuldade de diagnóstico, especialmente em pacientes jovens. “Tendo a doença um perfil progressivo, o atraso no diagnóstico irá criar, muitas vezes, a necessidade de tratamentos mais agressivos no futuro”, observa. Um fator importante é entender que a cólica menstrual intensa não é normal e, quando ocorrer, deverá ser avaliada por um ginecologista, pois os sintomas podem iniciar já na adolescência.
Tratamento
Para tratar a endometriose é necessário, num primeiro momento, um diálogo entre paciente e médico, para adequar o tratamento a cada caso. Se a portadora não pretende engravidar, há opções de remédios mais amenos como o uso de anticoncepcionais que podem ser orais ou injetáveis. Mas se a paciente pretende ter filhos outra abordagem deverá ser feita, podendo estarem indicadas técnicas de reprodução assistida. O objetivo do tratamento é amenizar ao máximo os sintomas e retirar as lesões causadas pela doença, evitando, assim a sua progressão.