A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, por ano, ocorram mais de um milhão de novos casos de câncer de mama em todo o mundo, o que o torna o câncer mais comum entre as mulheres. No Brasil, não é diferente. E, além de ser o câncer mais frequente, é também aquele que mais mata, entre as patologias oncológicas. Estudos recentes mostram que em países como os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Holanda, Dinamarca e Noruega, embora venha ocorrendo aumento da incidência do câncer de mama, tem havido uma redução da mortalidade pela doença, fato que, segundo os especialistas, está associado à detecção precoce. Já no Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito possivelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágio avançado.
“O rastreamento de câncer de mama por meio do diagnóstico por imagem ainda é um desafio, apesar do avanço da tecnologia. A principal limitação é a complexidade da mama e a natureza das lesões, principalmente na fase inicial da doença e em mulheres jovens”, diz o médico Carlos Fuser, especialista em medicina nuclear pela John Hopkins University e diretor da Clínica São Carlos (RJ), especializada no tratamento oncológico.
Ele lembra que por meio da cintilografia – exame que integra os métodos de diagnóstico por imagem da medicina nuclear – é possível identificar grande número das lesões como tumores ocultos, áreas com densidades aumentadas, associado ou não às microcalcificacões, microlobulações e linfonodos metastáticos. Fuser explica que uma das vantagens da cintilografia, em relação aos demais exames por imagens – a mamografia por raios-x e ressonância magnética mamária – é sua capacidade de diagnosticar tumores em regiões com maior densidade do tecido mamário.
“A principal função da cintilografia no câncer de mama é detectar o nódulo sentinela, o qual representa o primeiro linfonodo a drenar a via linfática peritumoral, sendo, dessa maneira, o elemento mais importante para determinar o estágio da lesão, a proposta terapêutica e o prognóstico do tratamento”, comenta.
Fuser diz ainda que a mamografia por raios-x, embora apresente alta sensibilidade na detecção de lesões de mama, tem se mostrado limitada na tarefa de diagnóstico diferencial. “E muitos especialistas em câncer de mama creem na necessidade de uma ferramenta de diagnóstico por imagem mais específica”, diz.
O especialista explica que a paciente que será submetida à cintilografia mamária recebe uma dose de um fármaco que atua como um radiotraçador, que irá se concentrar nos tecidos neoplásicos permitindo um diagnóstico diferencial entre lesões malignas e benignas, além de determinar se há comprometimento linfático. “Outra vantagem para a paciente é que, diferente do que acontece na mamografia, o exame de cintilografia é indolor”, lembra.