A fronteira entre ciência e negócio parece estar mais próxima, na verdade, sob certo ponto de vista, eles nunca estiveram dissociados. Mas agora o modelo ganha corpo e as empresas começam a olhar o papel fundamental da ciência em seus negócios. Isso acontece porque, com o mundo cada vez mais complexo – em decorrência das próprias invenções da ciência-, a quantidade de conhecimento produzido até os dias de hoje e a preocupação da sustentabilidade de recursos do planeta torna a ajuda de cientistas fundamental para o desenvolvimento das companhias. É o que contou o cientista-chefe da IBM Research Division, Fabio Gandour, durante palestra no Fórum HSM, Novas Fronteiras da Gestão, nesta terça-feira (21). Porém, para lidar com esse modelo, as empresas devem pensar de forma diferente. ?A ciência como negócio tem certas peculiaridades. Não é um negócio como qualquer outro?, afirmou. Para ele, os aspectos que devem ser considerados são: Financeiro: o planejamento financeiro deve ser feito minuciosamente. ?Aquela história de cortar custos a qualquer custo não funciona?, afirma. Outro desafio é o financiamento, pois um projeto científico não pode ser interrompido. Para o laboratório de ciência como negócio também há a pergunta: qual o compromisso financeiro e geração de renda? ?Às vezes isso não é tangível?, completa; Recursos Humanos: no modelo de ciência como negócio, o insumo é o pesquisador e o cientista E eles não respeitam as fronteiras do pensar. ?É um bicho indomável que deve ser alimentado com carinho?, diz Gandour. Outro desafio é qual o mecanismo para atrair novos talentos e os custos na formação de um PHD. Regras materiais: as regras podem ser as mesmas, mas a aplicação é de outra forma. Os recursos para a ciência como negócio, segundo Gandour, ?são os neurônios?. Operação: onde abrir o laboratório? Para o executivo, é ideal que seja um lugar que permita a reclusão e, ao mesmo tempo, a proximidade com os familiares. Cientista x Pesquisador: É preciso ter um equilíbrio entre as duas figuras. O primeiro tem fundamentos de várias áreas e possibilidade de melhorar com elas. O segundo consegue mergulhar com profundidade em um fenômeno específico. ? O sucesso depende de um balanço equilibrado da visão macro e da visão da micro? Movimento nacional Gandour foi um dos responsáveis pela instalação do laboratório brasileiro da IBM, que tem como propósito o desenvolvimento de inovação e a promoção do modelo de ciência como negócio. Segundo ele, além da IBM, no Brasil o modelo está ligado a empresas que possuem centros de pesquisa como a Petrobras, Dow Química e Ely Lilly. O programa do governo ?Ciência sem fronteira? com bolsas para estudantes no exterior também é uma promessa para a formação desses profissionais. A repatriação de talentos, seja porque o Brasil está em um momento econômico melhor que outros países ou porque estudantes que já concluíram os estudos de doutorado e pós -doutorado estão voltando, também faz parte do desenvolvimento nacional dentro do modelo ciência como negócio. ?Esse é um movimento que vai nos ajudar muito ?, afirmou.