O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável no mundo. Além disso, a OMS estima que um terço da população adulta mundial é fumante. Isto é, 1,2 bilhão de pessoas, entre as quais 200 milhões são mulheres, são tabagistas.

Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que o tabagismo causa mais de 10 tipos de câncer. Porém, esta não é a única consequência do tabaco. Segundo o Ministério da Saúde, o fumo, inclusive o passivo, é responsável por 85% das mortes em decorrência de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Para a pneumologista e intensivista, Dra. Isabel Marques, do Hospital Santa Luzia, a bronquite e o enfisema pulmonar são manifestações da DPOC, que está diretamente ligada ao tabagismo. “A exposição a substâncias tóxicas geradas da queima da biomassa e substâncias nocivas são as principais causas do enfisema”, explica a especialista.

Quando os brônquios, canais por onde o ar é transportado, e os alvéolos, local onde é armazenado o oxigênio antes de ser liberado para o sangue, são submetidos à exposição de substâncias agressivas, passam por um processo de inflamação crônica no decorrer dos anos. O processo de estreitamento dos brônquios e a produção de catarro são características da bronquite crônica. Já o enfisema é caracterizado pelo rompimento dos alvéolos e a formação de bolhas, causando falta de ar e tosse seca. “O paciente pode apresentar a DPOC com predomínio bronquítico ou enfisematoso, varia de acordo com a estrutura do sistema respiratório atingido”, esclarece.

Os sintomas mais comuns da DPOC são tosse crônica e matinal, além de falta de ar ao realizar esforços. A pneumologista alerta para a negligência aos sinais do próprio corpo. “A tosse pode ser considerada como um simples pigarro. A falta de ar é confundida, muitas vezes, como uma indisposição para realizar atividades habituais”, relata a médica. O diagnóstico da DPOC é feito por meio de exames físicos, história clínica, espirometria (conhecido como teste do sopro), além de exames mais objetivos e nítidos, como a radiografia de tórax e a tomografia computadorizada de alta resolução.

A lesão pulmonar causada pela Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é irreversível e o tratamento tem o objetivo de controlar os sintomas. A especialista ressalta a importância do diagnóstico precoce. “Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, mais eficaz será o tratamento. Além dos remédios, recomendamos que o paciente pratique exercícios físicos para a reabilitação do pulmão. Porém, estas atividades devem ser acompanhadas por um fisioterapeuta especializado”, destaca Dra. Isabel. Ela acrescenta que a melhor dica é, ainda, a prevenção da doença. “Um único cigarro possui mais de 4 mil substâncias tóxicas, das quais 60 são comprovadamente cancerígenas, causando pelo menos 14 tipos diferentes de câncer. Desta forma, não consumir tabaco é a melhor alternativa para se manter longe dessas enfermidades”, conclui.

O tabagismo é responsável pelos seguintes cânceres:

• Leucemia mielóide aguda

• Câncer de bexiga

• Câncer de pâncreas

• Câncer de fígado

• Câncer do colo do útero

• Câncer de esôfago

• Câncer nos rins

• Câncer de laringe (cordas vocais)

• Câncer de pulmão

• Câncer na cavidade oral (boca)

• Câncer de faringe (pescoço)

• Câncer de estômago

Comparados aos não fumantes, estima-se que o tabagismo aumenta o risco de:

• desenvolver doença coronariana em 2 a 4 vezes;

• desenvolver acidente vascular cerebral em 2 a 4 vezes;

• homem desenvolver câncer de pulmão em 23 vezes;

• mulher desenvolver câncer de pulmão em 13 vezes; e

• morrer de doenças pulmonares obstrutivas crônicas (como bronquite crônica e enfisema) em 12 a 13 vezes.