O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse nesta quarta-feira (9) que a pasta não assinou contrato com a empresa Labogen S/A Química Fina e Biotecnologia. Interceptações telefônicas da Polícia Federal apontam suposto esquema de desvio de recursos públicos no fornecimento de remédio para hipertensão pulmonar.
?O governo brasileiro nunca assinou contrato com o Labogen. O que se faz é uma aproximação [entre o laboratório particular e o público]?, disse. ?Não existe absolutamente nenhum contrato assinado. Não foi pago um tostão?, completou, durante reunião do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
De acordo com o ministro, depois que uma parceria desse tipo é firmada, existe prazo de um a dois anos para que o medicamento comece a ser produzido e só então o governo brasileiro assina contrato para a compra do produto.
Para Chioro, as denúncias e a investigação conduzidas por meio da Operação Lava Jato não podem ?macular? a política industrial na área de biotecnologia iniciada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, o setor representa a mais promissora cadeia produtiva na saúde nas próximas décadas.
?Temos um enorme mercado consumidor de insumos produzidos pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. Pouquíssimas nações no mundo têm 200 milhões de habitantes?, disse. ?Precisávamos romper com essa relação de dependência?, completou.
O ministro citou um exemplo de transferência de tecnologia bem-sucedida no caso da vacina contra o papiloma vírus humano (HPV), recentemente incluída no calendário básico de vacinação. ?Não teríamos conseguido implantar a vacina do HPV sem uma PDP [parceria para desenvolvimento produtivo]?.
?De forma alguma, um episódio como esse pode macular uma política?, disse. ?Não se pode colocar as indústrias brasileiras que estão envolvidas nesse processo na mesma lata de lixo?, concluiu.