Eles já somam cerca de 25 milhões de brasileiros. São jovens senhores acima dos 60 que praticam esportes; dirigem à noite; usuários de computador, celular e outros equipamentos eletrônicos; leitores contumazes; profissionais ainda no mercado e que demandam mais do que voltar a enxergar. Preocupam-se com a qualidade da visão. Neste grupo também estão os portadores de catara precoce, como a gerente de RH Fabiana Diettrich Carvalho Pimentel, operada de catarata aos 37 anos. Na outra ponta estão médicos e pesquisadores dedicados ao desenvolvimento de técnicas e tecnologias que estão revolucionando a cirurgia de catarata.

Os resultados e as conquistas nessa área estão entre os principais temas do XIII Congresso Internacional de Cirurgia Refrativa e Catarata. O evento ocorre de 2 a 5 de abril no Centro de Convenções Sul América, no Rio de Janeiro, e vai reunir mais de quatro mil especialistas de todo o mundo. Na esteira desse progresso estão os avanços das lentes intraoculares (LIOs) que possibilitam corrigir o foco de perto ou de longe, o astigmatismo e até a presbiopia (vista cansada).

A tecnologia também trouxe o laser de femtossegundo para a cirurgia de catarata. Aplicado inicialmente em cirurgias refrativas (para correção de grau), esse recurso possibilita mais precisão nas incisões, que são realizadas sem necessidade de lâminas, além de ajudar na emulsificação (soltura e retirada) do núcleo do cristalino opaco.

“Isso melhora a previsibilidade do grau mínimo residual e torna o procedimento mais seguro, com a menor perda de células endoteliais da córnea”, explica Armando Crema, presidente da Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares (SBCII) e um dos presidentes do congresso. É um detalhe importante porque pessoas com poucas células endoteliais são de maior risco para a cirurgia convencional, que produz mais calor, mais chance de inflamação e perda dessas células, aumentando, em casos extremos, a possibilidade de transplante de córnea.

O laser de femtossegundo pode ser aplicado em quase todos os casos de catarata. Mas para aqueles em que o paciente quer independência de óculos pós-procedimento, a tecnologia é ainda mais relevante.

Catarata precoce

Fabiana Diettrich Carvalho Pimentel descobriu, aos 37 anos, ser portadora de catarata. A perda da visão provocada pelo surgimento precoce da doença assustou a gerente de RH que trabalha em uma empresa de engenharia. Fabiana submeteu-se à cirurgia em outubro de 2013, quando recebeu o implante de uma lente multifocal para correção refrativa (tinha miopia – mais de 4 graus – e astigmatismo) e foi operada com o uso do femtossegundo. “A gente vai perdendo a visão aos poucos e até esquece como é enxergar bem. Após a cirurgia, o mundo começou a ter outra cor. No começo, até ‘doía’. Nunca tinha visto cores tão nítidas”. Comemora.

Impacto

Em todo mundo, cerca de 18 milhões de pessoas perderam a visão devido a catarata, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) – pelo menos 350 mil são brasileiros. Cerca de 85% dos pacientes de catarata estão acima dos 50 anos, a maioria trabalha, viaja, tem seus hábitos e preferências que já podem ser considerados na hora de definir que tipo de LIO implantar. Os avanços vêm em boa hora já que 12,6% da população, ou cerca de 25 milhões de indivíduos, já estão acima dos 60 anos.

“Esses avanços se devem também à disponibilização de equipamentos que avaliam no pré-operatório, com precisão, o poder (grau) das LIOs, as alterações ópticas do olho e de outras estruturas oculares como o filme lacrimal, a córnea, a retina e o nervo óptico, capacitando desta forma o oftalmologista na definição do melhor tipo de lente para cada paciente, e consequentemente no melhor resultado cirúrgico”, acrescenta o presidente do XIII Congresso Internacional de Cirurgia Refrativa e Catarata.

Paralelo ao congresso serão realizados o IX Congresso Internacional de Administração em Oftalmologia, o II Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Oftalmologia e o VI Fórum da Sociedade Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa para Residentes. As inscrições podem ser feitas pelo site www.cataratarefrativa2014.com.br. A participação soma créditos na Comissão Nacional de Acreditação – CNA.

A catarata

De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, a catarata é definida como qualquer opacificação do cristalino que atrapalhe a entrada de luz nos olhos, acarretando diminuição da visão. A doença pode causar desde pequenas distorções visuais até cegueira:

• A catarata pode ser congênita (de nascença), secundária (resultante de fatores variados) ou senil (consequência de alterações bioquímicas relacionadas à idade).

• Durante a cirurgia de catarata, retira-se o cristalino opaco e implanta-se uma lente intraocular (LIO) com grau especificamente calculado.

• Nos países em desenvolvimento, a catarata representa 50% dos casos de cegueira.