Diante de um quadro clínico desafiador, como gostaria de ser tratado: com base na experiência profissional do médico, apostando na intuição desse profissional ou seguindo os melhores resultados de estudos científicos e publicações literárias para casos semelhantes ao seu?
Hoje, é visível o desenvolvimento da Medicina, com a descoberta de novos medicamentos, vacinas, tratamentos e equipamentos com alta tecnologia. Mas, para se chegar a esses resultados, a área precisou deixar de lado o achismo e a intuição e investir em pesquisas que oferecessem uma base de dados confiável e comprovável cientificamente.
A atitude mais efetiva de buscar as melhores evidências para um caso clínico específico é recente e passou a ser disseminada na década de 80, no Canadá, na Universidade McMaster. Percebeu-se que era necessário promover a melhoria da assistência à saúde e do ensino, aumentando a eficiência e a qualidade dos serviços e diminuindo os custos operacionais.
Hoje, a Medicina Baseada em Evidências é entendida como uma abordagem que envolve a definição de um problema, a busca e avaliação crítica das evidências disponíveis, implementação das evidências na prática e avaliação dos resultados.
Apesar de recente a Medicina Baseada em Evidências já está se impulsionando no Brasil, sobretudo em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Rio Grande do Sul.
No Estado, a Unimed Vitória criou o núcleo de Medicina Baseada em Evidências, para que os médicos cooperados entendam melhor essa prática e percebam os ganhos de buscar respaldo na literatura.
O núcleo apóia as áreas de tratamento cirúrgico, clínico, diagnóstico e prevenção. A maior demanda tem sido para casos específicos de tratamentos cardiovasculares.
Quando profissionais precisam de ajuda para um caso clínico, eles acionam o grupo de Medicina Baseada em Evidência, que vai buscar na literatura médica mais atualizada os artigos científicos que tenham metodologia válida e resultados confiáveis. Depois são selecionados os melhores, que servem de base para uma síntese do caso. Essa resposta é feita por recomendação e enviada ao médico solicitante.
Mesmo em fase inicial, os resultados já são positivos. Mas, apesar do desenvolvimento da área científica, o trabalho do grupo ainda é difícil porque 90% das publicações científicas da área são inadequadas, com falhas de metodologia, escopo, entre outras.
A solução é buscar fontes de informações mais gabaritadas como o Capes (Portal Brasileiro da Informação Científica), o Projeto Diretrizes (da Associação Médica Brasileira e do Conselho Federal de Medicina), as bibliotecas Cocrahne, Bireme e Pubmed, ou o Up To Date – a maior comunidade clínica no mundo dedicada à síntese de conhecimentos para os médicos.
*Adriano de Souza é ortopedista, auditor médico de especialidade e membro do Núcleo de Medicina Baseada em Evidência da Unimed Vitória.
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