Como brasileiro, entendo muito bem quando estrangeiros dizem que o nosso país é um caso à parte. Mais ainda quando o Brasil é estudado como ?case? em diversas áreas, como Economia, Administração e Saúde. Quando acompanhamos de perto as atividades desenvolvidas por aqui, percebemos que há muita gente boa, de excelente padrão envolvida tanto na área governamental quanto na privada. Um exemplo disso é o relato das atividades e temas desenvolvidos no V Simbravisa (acompanhe pelo link http://www.abrasco.org.br ). Os temas foram realmente interessantes e os nomes dos palestrantes nem precisam de maiores comentários. Todos de altíssimo padrão e profundos conhecedores dos temas. O outro lado dessa moeda é a defasagem que existe entre esse universo teórico, legal e das normas, e o mundo real. Um recente estudo da Interfarma sobre Inovação e Pesquisa Clínica no Brasil, por exemplo, mostra claramente que o país leva entre 10 a 14 meses para aprovar uma pesquisa clínica, enquanto que nos Estados Unidos, esse mesmo protocolo leva de 3 a 4 meses para ser aprovado. No mundo, a média é de 8,6 meses. Uma publicação recente da revista Exame (edição 979, ano 44, nº 20) mostra numa entrevista com alguns dos principais executivos e empreendedores brasileiros, as críticas à regulação confusa e à burocracia infernal, outro exemplo prático que nem sempre o mundo ideal das normas anda casado com a realidade de mercado. A mesma reportagem mostra números extraídos de fontes respeitáveis como o IBGE, Min. do Planejamento e Banco Mundial, os quais apontam o Brasil na 120ª posição (entre 180) para se Registrar uma Propriedade e na 126ª posição (entre 180) para se Registrar uma Nova Empresa. Num momento onde o cenário macro econômico é favorável ao crescimento de áreas diversas, entre elas a de produtos Farmacêuticos (9,6% ao ano) e a de Serviços Hospitalares (9,5% ao ano), apenas para citar esses dois exemplos. Não podemos nos dar ao luxo de criar Marcos Regulatórios que não encontrem aderência à necessidade de manutenção e crescimento das áreas de serviços e produtos cobertos por esses mesmos marcos. Um dos temas cobertos pelo V Simbravisa foi ?Afinal, quem protege a saúde do cidadão??. No próximo simpósio, sugiro um painel oposto que seria ?Afinal, quem protege o país de quem tenta proteger a saúde do cidadão??. Os atrasos monumentais nos trâmites dos processos, em diversos órgãos públicos, sejam eles Agências, Institutos ou Ministérios, são velhos conhecidos de quem tenta desenvolver negócios no Brasil. E o custo fica sempre no colo da iniciativa privada. A população brasileira não necessita de Agências, Institutos e outros órgãos que tutelem a sua vida, em qualquer área. Nosso país é bastante maduro e a população bastante sábia para criticar os maus prestadores de serviços e para condenar os produtos ruins. Nossos Marcos Regulatórios devem ser tais, que além de proteger a saúde do cidadão, também busquem ser agentes de incentivo dos negócios, da criação de um mercado ético, de criação de conhecimento e de desenvolvimento para todos. Às vésperas de um novo Presidente da República e um novo Presidente da ANVISA, é importante que esse debate ganhe força para que não percamos a janela histórica de oportunidade e crescimento que o Brasil gerou com tanto esforço. Esforço do povo brasileiro, da iniciativa privada e não do governo como querem dar a parecer informações que chegam de forma equivocada nos meios de comunicação.  Quem gera riquezas no país é o povo e não o governo, afinal, vivemos num regime Democrático de direito e numa República Federativa. É papel do governo, isso sim, trabalhar em prol dessa população, em todos os aspectos. O estudo da história da Economia nos ensina que o ciclo tem dia para acabar. Os dados demográficos também. E eles estão aí para quem quiser ver. O momento é de despir as ações do manto partidário e idealista e tomar atitudes de forma a criar Marcos Regulatórios que garantam o crescimento e a manutenção de um ambiente que favoreça pacientes, profissionais da saúde, prestadores de serviços e fabricantes e importadores / distribuidores de produtos para a saúde, medicamentos, cosméticos, alimentos e saneantes, para falar somente das áreas cobertas pela ANVISA. Afinal, não estamos todos nesse barco chamado Brasil?