O discurso sobre cuidados com o paciente e eficiência operacional é fácil de ser propagandeado por várias empresas do setor de saúde. Mas por trás dos conceitos que são facilmente entendidos por pacientes e profissionais do mercado há uma lista enorme de melhorias e decisões a serem tomadas, além de uma sopa de critérios rígidos de certificados nacionais e internacionais a seguir. Quando essa segunda parte está consolidada, a primeira se torna algo mais do que apenas palavras e vira diferencial competitivo e segurança de continuidade dos negócios.

No Instituto Biocor, de Nova Lima (Região Metropolitana de Belo Horizonte), discurso e práticas são intimamente ligados e isso levou a empresa a ser destaque no estudo Referência da Saúde. A empresa começou a adotar processos de melhorias contínuas e técnicas de gestão no melhor estilo das grandes empresas do mundo. O just in time e a teoria das restrições foram implementadas para modernizar a operação e trazer ganhos que fossem visíveis ao pacientes e seus familiares. São modelos teóricos consagrados e que orientam a otimização da capacidade operacional, com foco na segurança, gestão de riscos, atualização tecnológica constante, de forma sustentável, com métricas de resultados que determinam os próximos passos. ?Dentro das diretrizes institucionais da empresa, isso tudo se transforma em cuidar com carinho do paciente?, comenta o diretor-presidente Mario Vrandecic.

Ambas as técnicas administrativas são consagradas, mas pouco usuais no setor de saúde. Vrandecic idealizava implantá-las em hospitais brasileiros após ter visto como elas ajudavam empresas e pacientes nos Estados Unidos. Sem sucesso em fazê-lo nas instituições existentes, decidiu criar o próprio hospital que funcionasse com gestão moderna.

O just in time prevê o fluxo contínuo de insumos e informações de modo que não haja espera ou custos adicionais ao lidar com insumos e profissionais parados a espera de ordens para realizar suas funções. Já a teoria das restrições prega um verdadeiro scaneamento na empresa a procura de gargalos que impeçam o crescimento e ajuda a lidar com eles de uma forma que sejam eliminados e não se tornem barreiras para a continuidade dos negócios.

Embora consagradas, as duas técnicas são de base teórica. Ferramentas de controle e mudanças culturais precisam ser adotadas de forma ampla pelas empresas que se propõem a entrar nessa nova era de gestão. Caso contrário, correm o risco de ter um discurso diferente da prática. E numa instituição como o Biocor, que vem se consagrando na obtenção de certificados de processos de qualidade tal situação não poderia ocorrer.

Nos últimos anos, a empresa tem conquistado uma verdadeira lista de normas. Entre elas destacam-se a ISO?s 9001 (qualidade), 14001 (meio ambiente) e 27001 (segurança da informação); OHSAS 18001 (saúde e segurança ocupacional); ONA Nível III (acreditação máxima com excelência); QSP 31000, baseada na ISO 31000 (gestão de riscos); NIAHO (acreditação internacional norte-americana) e FNQ (padrões de excelência). Além delas, a empresa coleciona certificações deaos requisitos legais, além de prêmios diversos e certificados de proficiência.

No Biocor, tudo isso foi consolidado no uso de monitores afixados nas áreas estratégicas e nos setores de produção. Os displays se tornaram verdadeiros ?painéis de acompanhamento? para gestão dos serviços, incluindo, principalmente, o fluxo dos pacientes, o monitoramento da ocupação e o controle em tempo real do faturamento de cada etapa dos processos corporativos.

Com os dados expostos, a empresa conseguiu visualizar vários processos para identificar e resolver eventuais gargalos. É o just in time e a teoria das restrições trabalhando lado a lado para eliminar lentidões ou falta de informações que impedem a melhor utilização da estrutura instalada e a conquista de melhores resultados dos processos institucionais e assistenciais.

Fundado em 1985, o Biocor conta com uma gestão pautada em planejamento estratégico, possui um corpo clínico autônomo com cerca de 350 médicos cadastrados integrados com mais de 1.150 colaboradores, 80 convênios e cerca de 650 fornecedores. Com foco na pesquisa, prevenção, diagnóstico e tratamento clínico-cirúrgico de doenças cardiovasculares, oferece uma gama de serviços e especialidades que o credenciam como hospital geral, no setor diferenciado da alta complexidade. Nos últimos três anos, registrou uma média anual de 14 mil  internações e 350 mil atendimentos externos, bem como uma taxa média de ocupação geral de 80% e de apartamentos superior a 90%, com média de permanência de cinco dias.

O investimento em controles de processos e na gestão integrada vem dando resultados além da expansão institucional. O Biocor está conquistando índices de desempenho que são reconhecidos internacionalmente, como é o caso do Tempo Porta Balão de 56 minutos (veja reportagem na página….); Euroscore (benchmarking ? Biocor / baixa taxa de mortalidade); Cirurgia Geral / Videolaparoscopia (benchmarking ? Biocor / taxa de conversão 0%); Baixa taxa de Infecção na alta complexidade (benchmarking ? Biocor); entre outros.  A oportunidade de melhoria, portanto, foi aprimorar o acompanhamento em tempo real da gestão, agregando valor a todas as partes envolvidas na assistência.