Nos últimos 12 meses, cerca de 3 milhões de pessoas perderam o emprego no Brasil, atingindo a marca histórica de mais de 12 milhões de desempregados, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e em torno de 1,5 milhão de brasileiros deixaram de ter planos de saúde. O cenário fez com que todo o setor de Saúde tivesse prejuízo, como num “efeito cascata”: com mais pessoas sem ocupação profissional, os planos perderam clientes e, consequentemente, receita, diminuindo a demanda dos hospitais privados e superlotando a rede pública.

Mas os privados não perderam apenas pacientes com convênio, como explica Rogério Medeiros, professor do MBA de Gestão em Saúde do Centro Universitário São Camilo. “Precisamos começar a falar do impacto psicológico da crise econômica; de quem deixou de ir aos hospitais por medo de se ausentar do trabalho e ser demitido”, explica. Segundo ele, muitas pessoas deixaram de marcar consultas médicas, que geralmente só ocorrem até 18h ou 19h, para ir ao pronto-socorro após o horário de expediente. Isso gera, além de perda para os hospitais privados, mais custos para a operadora. “Se um paciente com gripe passasse por uma consulta só teria a prescrição de um medicamento; ao ir ao PS, certamente, fará um raio X e tomará a medicação por via endovenosa. Nesse caso, em vez de o plano pagar R$ 80 reais da consulta, vai ter um gasto em torno de R$ 1.500”, exemplifica Medeiros.

Além das consultas, houve redução nas cirurgias eletivas, como desvio de septo, miopia e reparos estéticos. “Quando não há emergência, os pacientes têm optado por esperar para não se ausentar do trabalho por muito tempo”, explica. Uma cirurgia simples de desvio de septo, por exemplo, requer repouso de dez dias.

Operadoras e os reajustes

Outro ponto que afetou os hospitais privados foi a falta do repasse de reajuste pelas operadoras. “Entre 2015 e 2016, deveriam ter recebido correções em torno de 8%. Como as operadoras perderam clientes, isso não foi feito”, explica Medeiros.

No início deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANS), estipulou o índice de reajuste tendo como base de cálculo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) com a aplicação de um Fator de Qualidade, sendo 105% do IPCA para estabelecimentos com certificação de qualidade (acreditados); 100% para hospitais sem o Certificado de Qualidade, mas que participem e cumpram os critérios estabelecidos pela Diretoria de Desenvolvimento Setorial (Dides); e 85% para as demais unidades (que não atenderem a nenhum destes critérios).

O movimento exige dos gestores de hospitais mais cuidado na gestão e planejamento. “É preciso cortar custos, mas com cautela”, afirma Medeiros. Para ele, um erro comum é diminuir o número de médicos experientes, substituindo-os por residentes. “A economia será só aparente, já que um profissional com pouca experiência pode ter de recorrer a mais exames para fechar um diagnóstico, fazendo com o que o hospital gaste mais e, em alguns casos, aumentando o número de glosas”, reforça.

Adicionar inteligência aos processos administrativos, por meio de automatização que gerem economia de backoffice, e se amparar em ferramentas de análise de dados, que melhorem o atendimento e a segurança do paciente, também ajudam a enxugar os gastos, mas sem perder a qualidade da assistência.

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