Com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a comercialização dos autotestes para detectar a COVID-19, a expectativa das empresas e laboratórios envolvidos na produção é de que eles cheguem às farmácias ainda no mês de fevereiro.

Para isso, é preciso que a agência aceite e autorize as empresas a comercializarem os kits de testagem. Empresas como Celer Biotecnologia, Vyttra Diagnósticos e MedLevensohn, além de Abbot e Roche Diagnóstica, estão entre os nomes que já se preparam para ofertar os produtos ao consumidor final em breve.

Até agora, a Anvisa já recebeu mais de 50 pedidos para a comercialização de autotestes no Brasil; no entanto, o órgão negou 6 deles, alegando que faltavam estudos e documentos completos sobre os produtos que seriam ofertados. Por enquanto, nenhum registro foi dado.

Semelhantes aos testes rápidos já realizados tanto em hospitais como em farmácias, o autoteste para covid é aquele que pode ser feito por leigos, em casa. O kit é composto por um swab (espécie de cotonete para coleta de material no nariz), dispositivo de teste, tampão de extração e filtro.

Neste caso, o teste é capaz de detectar o antígeno viral, estrutura do vírus que faz com que o corpo reaja e produza uma resposta imunológica a ele – os chamados anticorpos.

O que muda com os autotestes?

Utilizado em outros países há algum tempo, os autotestes não são uma novidade nem são usados apenas para detectar a infecção causada pelo novo coronavírus. Há mais de 20 anos, os testes de farmácia – como são popularmente chamados os kits vendidos nos balcões e prateleiras de farmácias e drogarias – já serviam para mostrar a gravidez em mulheres, por exemplo. Mais recentemente, esse tipo de tecnologia passou a ser usada para detectar o período fértil em mulheres que querem engravidar e até a presença de outros vírus, como o HIV.

A essa altura, os benefícios de se detectar precocemente a covid-19 são enormes tanto para a população brasileira como para o setor de saúde. Enquanto de um lado, a população tem meios mais rápidos e acessíveis para fazer uma triagem da doença e, assim, realizar o autoisolamento, de outro, laboratórios encontram um campo vasto de oportunidades para desenvolver produtos eficientes e desenvolver tecnologias inovadoras no setor.

Vale lembrar ainda que, diante da escalada nos casos de covid-19 causados sobretudo pela maior transmissibilidade da variante ômicron, a autotestagem também reduz a pressão sobre o sistema de saúde (público e privado), reservando recursos (materiais e humanos) apenas aos casos de internação ou graves, que necessitam de fato de atendimento médico especializado.

E a subnotificação?

Uma das questões a respeito do autoteste é o receio levantado de que exista uma subnotificação de casos, uma vez que a detecção da covid-19 possa ser feita de forma caseira e sem a necessidade de notificar o governo federal em caso de resultado positivo.

A Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial, por exemplo, defende a criação de uma plataforma oficial comum em que todos os compradores de autotestes possam informar seus resultados de forma voluntária, aumentando assim o conhecimento de casos positivos e da situação epidemiológica do vírus em determinado momento.

Mas vale lembrar que a autorização do autoteste não aumenta a subnotificação. Ao contrário: tanto indivíduos que precisem de comprovação (para viajar ou para atestados médicos) como pacientes mais graves devem precisar de comprovação e realizar o exame RT-PCR, considerado padrão ouro na detecção do Sars-CoV-2 – já que o autoteste, como explicado anteriormente, detecta a presença do antígeno viral e, portanto, não tem a precisão do teste molecular feito em laboratório.

Ou seja, além de ajudar no controle da disseminação do vírus em um momento delicado da pandemia, permitindo o retorno gradual e seguro à vida normal dos indivíduos que estejam sadios, há ainda as possibilidades de exames laboratoriais e agilidade/otimização no atendimento hospitalar, proporcionando maiores chances de cuidados a quem realmente precisa.