Em todo o mundo constata-se a tendência da gestão integrada da saúde, envolvendo as áreas assistencial e ocupacional, pois se considera tão importante quanto os custos em assistência médica os impactos do adoecimento na produtividade e na performance das companhias.
Assim, há um ?overlap? entre os fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e os determinantes de incapacidade (ou ?DALYs? ? disability-adjusted life year) envolvendo o estilo de vida não saudável (alimentação inadequada, inatividade física, tabagismo e uso abusivo do álcool) e as questões emocionais e mentais.
Neste campo, emerge uma grande oportunidade para as auto-gestões em saúde no Brasil que não precisam prestar contas a seus acionistas, investidores ou proprietários em termos de resultados econômicos, mas atuam para suas patrocinadoras para que os seus beneficiários (trabalhadores e seus familiares) tenham mais saúde na busca de geração de valor (melhor força produtiva, menor absenteísmo, custos adequados e maior qualidade de vida no trabalho). Elas precisam estar profundamente alinhadas com o foco da organização pois possuem objetivos comuns e não são meros prestadores de serviços.
No entanto, muitas vezes as auto-gestões em saúde são vistas como operadoras de mercado e suas peculiaridades não são consideradas. Há também o desafio do aprimoramento da gestão destas organizações para que suas ações sejam realmente efetivas, inovadoras e não atuem somente como ?compradoras? de serviços no mercado.
O recente congresso da UNIDAS realizado em Santa Catarina mostrou a força do setor, reunindo mais de 600 participantes no maior evento da saúde suplementar do Brasil. A pesquisa anual apresentada confirmou os desafios relacionados ao percentual considerável de pessoas na maior faixa etária, os custos assistenciais elevados e as dificuldades de rede em âmbito nacional. No entanto, alternativas inovadoras e a proposta de uma mudança no modelo de gestão foram discutidas e estão cada vez mais amadurecidas no setor, como o uso da tecnologia, a adoção da atenção primária à saúde, a busca da promoção da saúde como fator relevante para tornar a população mais saudável e a integração do setor para um ?advocacy? responsável e que torne o setor sustentável. A disponibilização de um instrumento de avaliação de programas de promoção de saúde (CDC Worksite Scorecard) traduzido e validado pela OPAS/ANS no site da UNIDAS pode ser uma ferramenta para aprimorar a gestão no ambiente de trabalho.
Para os próximos anos fica o desafio destas idéias e iniciativas ganhem escala, atingindo uma proporção considerável dos beneficiários e programas e não fiquem em pequenos grupos ou ações-piloto. Ainda não temos experiências exitosas de programas realizados em grande escala, atingindo toda a população de beneficiários e este é o grande desafio.