Evolução do Tamanho das Operadoras de Planos de Saúde de Assistência Médica e Odontológica no Brasil
Fonte: Geografia Econômica da Saúde no Brasil
Poderíamos estar discutindo este tema com dados financeiros das operadoras mas já estamos em 12 de abril de 2020 e a ANS ainda não divulgou os dados de fechamento financeiros das operadoras de 2019:
· Nunca houve justificativa uma justificativa adequada para justificar que a ANS divulgue os dados de fechamento com 3 meses de atraso;
· Agora, provavelmente por conta da crise do COVID-19, os gestores comerciais de planos de saúde, de serviços de saúde, de administradoras de benefícios, corretoras e tantos outros profissionais do setor estão amargando um “delay” ainda maior;
· Como os dados do site da ANS ainda sofrem alterações após a publicação, fica mais difícil entender a razão do “delay”.
Mas vamos utilizar os dados de volume de beneficiários de 2019 para comentar o gráfico acima que demonstra a relação entre o tamanho das operadoras e o tamanho do mercado !
(*) Todos os gráficos são parte integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil – Edição 2020
Este é o gráfico mais emblemático dos capítulos do estudo que tratam das operadoras de planos de saúde e beneficiários de planos de saúde:
· Nos últimos 2 anos os planos de assistência médica ficaram em absoluta estagnação – de 2017 para 2018 cresceu 0,03 %, e no ano seguinte queda de 0,13 %;
· Mas o número de beneficiários de planos exclusivamente de assistência odontológica cresceu 8,44 % entre 2017 e 2018, e 7,16 % entre 2018 e 2019 – um crescimento impressionante.
Este gráfico demonstra que a evolução não tem relação com a quantidade de operadoras:
· A variação de volume de operadoras nos últimos 2 anos, tanto de assistência médica como de odontológica é insignificante;
· Mal dá para notar que existe tendência de concentração reduzindo as de odontologia, onde o volume de beneficiários cresceu;
· E mal dá para notar que nas de assistência médica, onde o volume de beneficiários estagnou, aumentou o volume de operadoras.
Este gráfico demonstra que os beneficiários de planos odontológicos, que representavam ~47 % do total de beneficiários de planos de assistência médica, hoje representam nada menos que 55 % !
Os dois mundos (assistência médica e assistência odontológica) vão alinhando mais similaridades do que diferenças.
Em 2019 67,6 % das de assistência médica foi composta de operadoras com até 30.000 beneficiários:
· Mas estas operadoras detinham apenas 10,5 % dos beneficiários;
· Enquanto isso apenas 1,9 % das operadoras (com mais de 500.000 beneficiários) detinham 43,7 % dos beneficiários !
O perfil das odontológicas não é muito diferente:
· 66,32 % é formada por operadoras com até 10.000 beneficiários, mas estas operadoras detinham apenas 2,77 % do total de beneficiários;
· E 2,89 % das operadoras possuem mais de 500.000 beneficiários, mas detinham 67,87 % do total de beneficiários.
Estes gráficos comparam a distribuição das operadoras por porte dos anos 2017 e 2019:
· Nota-se variação insignificante;
· Ou seja, não existe indício de que a distribuição das operadoras por porte venha a se modificar.
Já estes gráficos apontam uma tendência diferente entre os 2 mundos:
· Enquanto na assistência médica a distribuição dos beneficiários em 2 anos se manteve praticamente a mesma;
· Na assistência odontológica houve aumento % significativo de 4 % nas operadoras com mais de 500.000 beneficiários, sinalizando uma tendência de “agigantar” ainda mais as gigantes do segmento.
Acredito que todos que estão lendo já tenham tomado contato com várias teorias sobre este mercado. Desde “as teorias do caos” que pregavam que a saúde suplementar estava com os dias contados, até as que garantiam que mesmo na pior crise econômica a saúde suplementar continuaria crescendo entre 7 e 8 % ao ano (apelidada de “teoria da galinha dos ovos de ouro”).
Como contribuição vou reforçar o parâmetro que mais trabalhamos nas consultorias:
· Quem tem recursos para “comprar” assistência médica são as pessoas das classes A e B – tanto as que compram individualmente, como as carteiras de funcionários das empresas que contratam ou subsidiam;
· Boa parte dos da classe A nem compra, para não ter que se sujeitar às regulações da ANS – preferem a saúde suplementar não regulada e quando necessitam de assistência pagam “com dinheiro do bolso”, que no longo prazo acaba saindo muito mais barato;
· A classe B embarca ~ 24 % da população … em uma população de ~ 210 milhões, significa ~50 milhões – o total de beneficiários de planos de saúde deve ficar em torno deste número;
· No caso dos de assistência médica o volume atual é ~ 47 milhões … vai subir um pouco, cair um pouco, mas vai permanecer neste patamar;
· Já no caso da assistência odontológica … “ainda tem jogo” … deve continuar aumentando bem nos próximos anos !
E vale comentar que a assistência médica regulada não está estagnada em todo o Brasil:
· Em algumas regiões diminuiu, e em outras aumentou … e muito;
· Nos outros capítulos do estudo fica bem claro que enquanto existem regiões onde os planos de saúde brigam entre si “com a faca nos dentes para pegar os beneficiários do outro”, mas existem outras em que todos eles estão “nadando de braçada” … expandindo !