Uma ampla explanação sobre os desafios do setor de saúde privada e as iniciativas que estão sendo tomadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) marcou a apresentação do diretor-presidente da instituição, Maurício Ceschin, durante Congresso ClasSaúde, realizada na terça-feira (24). A efetiva integração entre os serviços públicos e privados está entre as prioridades. Uma das possibilidades em estudo refere-se ao uso do Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS) pelos beneficiários da saúde suplementar também. ?A ideia é que se tenha um número só. No caso da saúde pública, as unidades de saúde poderão emitir a carteirinha. E as operadoras o fará a partir do banco de dados dos seus beneficiários, que atualmente são mais de 61 milhões em um universo de 1.600 operadoras?, explicou Ceschin. Para o ex-presidente da ANS e atual assessor do Ministro da Saúde, Fausto Pereira dos Santos, a iniciativa vai possibilitar a identificação do paciente tanto na saúde pública e privada, incluindo informações relacionadas ao atendimento prestado. ?Isso evita problemas de homônimos, por exemplo, e melhora o processo de ressarcimento ao Sistema Único de Saúde (SUS)?, disse Santos. De acordo com Ceschin, a política de cobrança para o ressarcimento ao SUS está mais eficiente. ?Estávamos com um gap de pagamentos de cinco anos. Agora contamos com um gap de três anos. Nossa projeção é de dois para o final do ano e a regularização das cobranças no ano que vem?, afirmou Ceschin. Impacto demográfico
Com cerca de R$ 72,6 bilhões de recursos anuais, a ANS enfrenta uma tendência de crescimento no número de beneficiários. Foi registrado um avanço de 8,7% na comparação anual de 2010 e 11% na contagem de planos exclusivamente coletivos. De acordo com o atual presidente, o aumento de emprego e renda da população são os responsáveis pelo cenário. Atualmente, os idosos representam 11% do universo da saúde privada, e respondem por 25% dos custos. ?A fato de que isso vai aumentar gradativamente e precisamos pensar em formas de como garantir uma sustentabilidade financeira?, enfatizou Ceschin.
A ANS não descarta a possibilidade de que gerações mais novas tenham que capitalizar e custear as mais velhas. Remuneração
Ceschin reconhece que há uma defasagem no valor pago pelos planos de saúde aos médicos.

Segundo ele, existe uma diferença que precisa ser resgatada em relação ao pagamento de honorários aos profissionais. E ressaltou que os salários médicos não têm sido reajustados da mesma forma como foram os insumos. No entanto, de acordo com Ceschin o reajuste dos pagamentos dos médicos tem que ser discutido com cautela para que os custos não sejam repassados aos consumidores Recentemente, a ANS estabeleceu prazos máximos para atendimento aos usuários de planos. ?Essa decisão possibilita que as operadoras se reestruturem, contratem novos médicos e negociem os valores pagos aos seus prestadores de serviço?, disse Ceschin. Em paralelo, há um grupo de trabalho, coordenado pela Agência, que estuda alternativas para modelo de remuneração. Pacotes para procedimentos hospitalares prevalentes estão sendo considerados, além de adicionais por performance.