A Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (Saesp) lança nesta quinta-feira (14) uma campanha pela valorização da categoria e tenta convencer os profissionais que atuam no Estado a interromper o atendimento no próximo dia 21 como forma de protesto. Isso acontece depois dos ginecologistas e dos cardiologistas também se mobilizarem para reivindicar melhores condições de trabalho e remuneração.

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De acordo com  o presidente da Saesp, Desiré Callegari, será decidido até o fim da semana se haverá paralisação. A ideia é que o movimento tenha a adesão tanto de médicos da rede pública como da saúde suplementar. Mas apenas as cirurgias não emergenciais seriam afetadas. “Estamos avisando antes para que as pessoas possam remarcar. Não queremos causar pane no sistema”, disse Callegari ao Estadão.

Para Carlos Vital, do Conselho Federal de Medicina, a paralisação não fere a ética médica. “Nos últimos 11 anos, os convênios reajustaram suas mensalidades em torno de 170%. Uma parcela ínfima foi repassada aos médicos e, por isso, eles estão impossibilitados de cumprir o contrato. Têm o direito de reivindicar honorários justos.”

Segundo Callegari, um anestesista recebe em torno de R$ 100 dos convênios pela analgesia de uma cesariana. Em um parto particular, esse valor chega a ser dez vezes maior. Na tabela do Sistem Único de Saúde (SUS), o procedimento vale cerca de R$ 30. “A defasagem da tabela do SUS é tão grande que ela se tornou impraticável. Muitos hospitais públicos e também privados complementam a remuneração do anestesista, senão não encontram profissionais para trabalhar”, disse.

O presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Jorge Curi, confirma que alguns serviços sofrem com a falta de anestesistas. “Se você obriga o médico a ter múltiplos empregos, não lhe dá condições de se atualizar e não lhe proporciona qualidade de vida, isso acaba se refletindo no atendimento à população.”

O problema, diz ele, não se resume à má remuneração. Em muitos hospitais faltam equipamentos e medicamentos considerados essenciais. Algumas novidades, como anestésicos menos lesivos e aparelhos que dão mais segurança ao paciente, demoram a ser incorporadas.

Para chamar atenção para o cenário, a Saesp lança uma campanha publicitária com o slogan “O anestesista é o anjo da guarda do paciente”. Em maio, a Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo lançou campanha similar, denunciando que um obstetra recebe por um parto o mesmo valor de uma escova progressiva.

Em agosto, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular fez um apelo para que os seus 1,2 mil associados deixassem de operar pelo SUS. A estratégia deu certo. Há menos de um mês, o Ministério da Saúde anunciou investimento de R$ 98,9 milhões para reajustar 105 procedimentos cardiovasculares de alta complexidade.

Procurado pelo Estadão, o ministério disse ter realizado, entre 2007 e 2009, três grandes reajustes na tabela do SUS que, somados, atingem R$ 6,2 bilhões. Disse ainda que uma possível tratativa com os anestesistas não deve ser pensada de forma isolada. A FenaSaúde, representante dos planos, disse que suas afiliadas estão empenhadas na revisão do modelo de remuneração do setor de saúde.

*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo

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