Em todo o mundo, o uso das emergências dos hospitais tem aumentado substancialmente. No Brasil, de acordo com o Mapa Assistencial 2014 da Agência Nacional de Saúde Suplementar, o número de consultas em pronto-socorros aumentou de 49,8 milhões em 2012 para 57,4 milhões, ou seja, um incremento de mais de 15% em um ano. Sabe-se que as consultas em pronto socorros podem custar até quatro vezes mais que uma consulta ambulatorial, somente em custos assistenciais. Os custos relacionados à ausência do trabalhador do seu posto, à baixa resolutividade e ao aumento consequente do uso de métodos diagnósticos impactam ainda mais a conta final.
A literatura apresenta algumas estratégias para reduzir o número de consultas em serviços de emergência, como (1) utilização de serviços de orientação e suporte telefônico 24 horas por dia (2) aumentar a oferta de serviços ambulatoriais (ambulatórios em empresas, atenção primária, integração com a rede assistencial) (3) incentivos financeiros para reduzir o uso da emergência (aumentando a co participação) (4) aperfeiçoar o relacionamento entre as pessoas e o serviço de atenção primária à saúde e à rede assistencial.
Um recente estudo publicado na revista Journal of Occupational Environmental Medicine por pesquisadores da Johns Hopkins University analisou a relação entre a oferta de ambulatórios médicos nas empresas e a procura de serviços de emergência pelos empregados. Os pesquisadores identificaram alguns setores que utilizaram a emergência com maior frequência (manutenção, nutrição e transporte) e constatou redução significativa, que chegou a 28% no grupo de maior risco (ou 223 dólares por membro por ano), no número de consultas no pronto socorro após a implantação do centro médico na empresa.
A criação de centros médicos, alinhados com a rede assistencial e com o sistema de saúde ocupacional, pode ser uma boa ferramenta de gestão para buscar maior resolutividade, maior integração das informações e a possibilidade de alinhamento com os programas de promoção de saúde, pois muitas pessoas que procuram os serviços de emergência possuem doenças crônicas e vários fatores de risco. Ao procurarem o pronto socorro recebem, muitas vezes, tratamento sintomático, pontual e sem caráter educativo em saúde, perdendo-se a oportunidade para contribuir para melhorar a gestão pessoal de saúde do trabalhador.