O Hospital Israelita Albert Einstein incluirá o transplante multivisceral na gama de procedimentos ofertados. A cirurgia é feita concomitantemente em três ou mais órgãos abdominais ? estômago, intestino delgado, pâncreas e fígado. Indicado nos casos de doenças extremamente graves do aparelho digestivo, tal procedimento é uma das únicas alternativas terapêuticas para pacientes com altíssima probabilidade de morte em curto prazo (dois ou três anos).

De acordo com o especialista em transplantes do Einstein, Bem Hur, apenas o Hospital das Clínicas de São Paulo realiza esse tipo de procedimento. Cerca de 50 pacientes estão à espera de um transplante, hoje, na entidade.

Para que as instituições realizem o procedimento multivisceral no Brasil com os mesmos índices de segurança e êxito dos países de referência, é necessária a implantação de uma infraestrutura complexa de tecnologia hospitalar, que vai além do treinamento das equipes ? cirurgiões, anestesistas, profissionais de laboratórios, nutricionistas, etc. É preciso criar um sistema de acompanhamento pós-operatório, pois pacientes submetidos a esses transplantes devem realizar semanalmente um grande número de exames a fim de monitorar o sucesso do procedimento.

Na opinião de Bem Hur, o programa nacional de doações de órgãos no Brasil é um dos melhores do mundo e tem evoluído com rapidez. Os custos relativos às cirurgias são 95% pagas pelo Sistema Único de Saúde.

Histórico

Os primeiros transplantes em bloco de órgãos abdominais foram feitos na década de 80 nos Estados Unidos. Nos últimos 10 anos, com o avanço das técnicas cirúrgicas e o aprimoramento dos medicamentos contra rejeição, o procedimento passou a apresentar excelentes resultados. Levantamentos de centros médicos norte-americanos e ingleses mostram que, um ano após terem sido submetidos ao transplante multivisceral, 70% a 80% dos pacientes apresentam qualidade de vida muito boa.

Por ter indicações bastante específicas, o volume de transplantes multiviscerais é pouco representativo. Mesmo em países onde é praticado há anos, como os Estados Unidos e a Inglaterra, não são feitos mais do que 50 por ano. No Brasil, estima-se que 400 pessoas sejam elegíveis para esse tipo de procedimento. São portadores de problemas como obstrução de veias abdominais, doenças congênitas do aparelho digestivo e tumores envolvendo várias vísceras abdominais. Crianças com malformação intestinal ou que precisaram ter grande parte do intestino removida também são candidatas ao procedimento.

LEIA MAIS:

Programa de transplantes no Brasil: um dos mais seguros