Antes de ser um tema de debate nas empresas, a discussão da ética foi parte importante na evolução do pensamento humano enquanto buscava respostas que tentassem explicar as relações do homem em sociedade e com o ambiente natural que o cercava.
Grandes filósofos antigos abordaram a exaustão as razões para determinados comportamentos humanos e a identificação do melhor modelo de conduta a ser aplicado no convívio em comunidade.
Protágoras (490-420 a.C.), por exemplo, entendia que a verdade acompanhava aquele que melhor conseguisse persuadir seus interlocutores quanto ao seu ponto de vista do fato. Como professor de legislação, ensinava aos jovens atenienses que o homem era a medida de todas as coisas, posto que a diferença de opiniões sobre um fato absoluto provava que não existiam verdades imutáveis, mas sim conceitos subjetivos aceitos ou não por pessoas ou sociedades.
Este relativismo da verdade quase que automaticamente nos faz criar objeções às ideias de Protágoras. Mas se pensarmos que os atuais sistemas judiciários estão muito mais baseados na qualidade dos advogados do que na busca da verdade absoluta (se é que ela existe), entenderemos que percepções de 2.500 anos ainda podem permear nosso convívio social e que, no mínimo, precisam ser consideradas.
Sócrates (469-399 a.C.), por outro lado, entendia que os conceitos de ?bom? ou ?mau? não podiam ser relativos e que a verdade absoluta deveria ser descoberta através da reflexão lógica, que afastasse as crenças do pensamento e privilegiasse a ligação entre a moral e o conhecimento. Para ele, viver só valeria a pena se fosse virtuosamente, independentemente de se vencer ou não discussões, e buscando o mais puro entendimento da interferência de nossas atitudes em nós mesmos e na sociedade.
Apesar de simpático à ideia, também considero impossível que o pensamento do homem moderno não seja influenciado pelo ambiente, o que nos levaria a uma discussão mais profunda da existência ou não do livre-arbítrio e sobre o papel da competitividade para o desenvolvimento econômico do mundo.
E qual a relação disto com a ética profissional?
Acredito que as divergências entre os dois pensadores trazem ao profissional dos dias atuais uma pergunta que praticamente define sua compreensão do que é a ética:
Afinal, quem define o que é certo? O indivíduo ou o ambiente?
Acho um exercício interessante de autoconhecimento avaliar qual das duas linhas de pensamento mais nos agrada, quão equilibradas elas estão em nossas decisões profissionais e qual a coerência entre as várias escolhas morais que tomamos diariamente.
Vejamos as afirmações abaixo. Qual sua opinião sobre elas? As respostas serão pistas importantes para a reflexão proposta:
? Na negociação, o blefe é válido;
? Trabalhar em uma empresa de armas ou cigarros é um emprego como outro qualquer;
? Eu desacelero o veículo quando vejo uma placa de fiscalização eletrônica;
? Discordo da restrição de acesso ao uso de e-mails particulares nas empresas.
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