O primeiro Manual Brasileiro de Acreditação para os Serviços de Nefrologia e Terapia Renal Substitutiva foi reconhecido através de resolução da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em 2004, mesmo ano em que esse instrumento de avaliação desenvolvido pela ONA – Organização Nacional de Acreditação, foi lançado no mercado. O Comitê Técnico que desenvolveu a primeira versão do manual contou com representantes das Instituições Acreditadoras Credenciadas (IACs), de entidades da área (Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Associação Brasileira de Enfermagem em Nefrologia (SOBEN), Federação das Associações de Renais e Transplantados do Brasil (FARBRA)), assim como da ONA e da ANVISA.

Nos últimos sete anos foram realizadas 41 avaliações para a certificação de serviços de nefrologia e terapia renal substitutiva e concedidos 33 certificados. Algumas organizações já estão em seu quarto ciclo de certificação e o instrumento de avaliação desenvolvido pela ONA está em sua terceira versão.

Entre as clínicas acreditadas pela ONA estão a Nefron – Clínica de Doenças Renais, localizada no município de Contagem, em Minas Gerais; e as unidades do Instituto de Nefrologia, de Mogi das Cruzes e Suzano, em São Paulo.

O crescimento da Nefron

A Nefron, fundada em 1985 por cinco médicos especialistas da área, em pouco tempo já atendia pacientes de municípios vizinhos da região, o que obrigou a ampliação de sua capacidade. Hoje, a empresa tem sua imagem consolidada como clínica especializada no tratamento de doenças renais, que tem como principal atividade a terapia substitutiva das funções renais, através da Hemodiálise e Diálise Peritoneal. Atualmente a Nefron tem capacidade para atender 292 pacientes, divididos em três modalidades de tratamento: hemodiálise, CAPD e APD.

Além da qualidade dos serviços oferecidos e dos modernos equipamentos que utiliza, a Nefron se diferencia pela proposta de humanização do atendimento, propiciada pela seleção e treinamento de funcionários, o que inclui médicos especialistas, enfermeiras, nutricionistas, assistente social e psicóloga. Segundo um de seus diretores técnicos, o médico Roberto Salum, isso está diretamente relacionado com o compromisso da clínica de oferecer conforto e segurança aos pacientes e, entre as ferramentas utilizadas, destaca o sistema de comunicação eficaz e a implementação da gestão de qualidade, além do incentivo ao trabalho participativo.

Na avaliação de outro diretor clínico da Nefron, Leidson Durães Alkmim, para chegar à primeira certificação ONA, em 2008, a empresa se empenhou na melhoria dos processos gerenciais, buscando uma instituição independente e de competência reconhecida e comprovada experiência em auditorias. Alkimim lembra que foram várias etapas vencidas durante o processo de acreditação, que contou com o compromisso de toda a equipe. “Nossos colaboradores hoje detêm pleno conhecimento e capacitação para o desenvolvimento de suas funções tanto na área administrativa como nas operacionais, sabendo interagir entre si com criatividade na solução dos problemas do dia-a-dia”.

Outro ponto destacado pelos diretores foi o envolvimento que a acreditação trouxe para os fornecedores da clínica, que também tiveram que se organizar internamente para continuar a prestação de serviços de acordo com os critérios e padrões estabelecidos. Entre os serviços parceiros estão o laboratório de análises clínicas e os serviços de nutrição e dietética, esterilização, ultrassonografia e radiologia, além do banco de sangue e do hospital de referência.

“A acreditação pela ONA, como organização de certificação que promove a implementação de processo permanente de avaliação e aprimoramento dos serviços de saúde, representa uma maior segurança e confiabilidade para o paciente”, destaca Salum. “Os resultados são constantemente avaliados e discutidos, o que resulta na melhoria contínua do atendimento aos pacientes”.

A certificação obtida em 2008 foi a de Acreditado Pleno (Nível II). Em 2011, a Nefron obteve a classificação de Acreditado com Excelência (Nível III). A meta agora é alcançar a certificação em outras duas clínicas do grupo.

Alguns resultados estimulam a clínica de Contagem a prosseguir no caminho da acreditação. Um deles é a satisfação do cliente, que já era alta em 2008 (com nível de aprovação em torno de 88%) e atingiu 100% em 2011. Isso se reflete também no volume de pacientes atendidos, que saltou de 42 mil sessões em todo o ano de 2008 para 40 mil sessões, considerando apenas os primeiros sete meses de 2011. O custo da sessão de diálise, por sua vez, tem se mostrado estável nos últimos três anos, quando comparado mês a mês. Nos três últimos anos, a Nefron registrou uma redução da porcentagem de custo dos materiais no valor final da sessão de diálise, que caiu de 53,48% em 2008 para 47,4%, em 2011.

O Instituto de Nefrologia mantêm a qualidade em Mogi das Cruzes e Suzano

O Instituto de Nefrologia iniciou o processo de gestão de qualidade de suas duas unidades – em Mogi das Cruzes e Suzano, em 2005, tornando a melhoria continua um dos seus principais objetivos. A certificação ONA foi obtida em 2006 e, nestes seis anos, os indicadores mostram que houve um salto expressivo nos resultados obtidos, culminando com a obtenção da certificação de Acreditado com Excelência (Nível III), em 2008.

Ao atingir esse patamar, a empresa passou a reavaliar alguns processos e desenvolver análise mais crítica, que ajudaram no enxugamento dos gastos e a agregar valor ao cliente. Como diretora responsável, Silvana Kesrouani, atribui à Acreditação a capacidade de visualização e controle dos processos que resultaram na melhoria da qualidade e na redução do trabalho. Na sua opinião, iniciativas como esta, que envolvem gestão de qualidade, tornam o serviço competitivo, seguro e atualizado, atendendo todas as normas sanitárias, inclusive a recente RDC 63, de 28 de novembro último”.

A representante do Instituto de Nefrologia lembra que a doença renal avança em todo o mundo, principalmente em razão do envelhecimento da população e de fatores de risco como a hipertensão arterial e o diabetes. Outra realidade apontada por ela são as dificuldades enfrentadas pelo setor de terapia renal substitutiva, o que incluiu a restrição do acesso ao tratamento e os custos elevados das novas e indispensáveis tecnologias. “Nesse cenário, a gestão de qualidade desponta como uma ferramenta fundamental para equacionar desafios, tanto no âmbito financeiro como na qualidade do serviço oferecido ao paciente,” enfatiza.

Com a gestão de qualidade, o Instituto de Nefrologia vem conseguindo também equilibrar as despesas e a Dra. Silvana afirma que sem a acreditação dificilmente conseguiria manter as portas abertas e garantir a qualidade, pois o SUS, que é responsável por 90% do movimento da clínica, repassa apenas 32% do custo total do procedimento.

“Isto se tornou possível porque com a acreditação houve uma racionalização dos custos, sem comprometer a qualidade e a segurança dos pacientes. Conseguimos reduzir em 15,38% os gastos com banho ácido (procedimento da diálise que representa cerca de 40% do custo total da sessão), na unidade de Mogi das Cruzes e 28,57%, em Suzano, entre os anos de 2005 e 2009. No caso do gasto com capilares (filtro dialisador, que corresponde a 19% do custo total da sessão) a redução foi de 27% em Mogi e 33,3% em Suzano, em igual período”.

A confirmação de que a racionalização dos custos não comprometeu a qualidade do atendimento, é evidenciada na avaliação dos pacientes. Em Mogi, por exemplo, 95% consideram o serviço muito bom ou ótimo, conforme pesquisa de satisfação realizada em 2010.