Como forma de apoiar o planejamento e o desenvolvimento da indústria de saúde, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançou dois documentos, o Panorama Setorial e o Estudo Prospectivo para Equipamentos Médicos, Hospitalares e Odontológicos, em que define os primeiros quatro segmentos a contar com uma visão estratégica para os próximos 15 anos: neonatologia, imagem, óptica e hemodiálise.

“Queremos que estes setores conquistem o reconhecimento internacional e que tenham padrões de qualidade e competitividade mundiais até 2023”, conta o consultor da ABDI, Lester Amaral Jr. A estratégia da ABDI será focada em três pilares: desenvolvimento de mercado, desenvolvimento da qualidade e desenvolvimento do ambiente político-institucional.

No caso do segmento neonatal, que já é exportador e tem até superávit na balança comercial, as melhorias para ampliar mercado passam pela estruturação logística, facilidades para importação de insumos, ampliação da certificação e integração com o Mercosul.

Em óptica, mercado em que o Brasil importa o equivalente a US$ 700 milhões por ano, o desenvolvimento dos produtos ainda está longe da fronteira tecnológica dos players mundiais. Portanto, será necessário investir em infra-estrutura física e política e criar centros de excelência.

Em hemodiálise, setor que conta com basicamente três players no mercado mundial e movimenta US$ 65 bilhões por ano em todo o mundo, a meta é, até 2023, ter o primeiro equipamento nacional. “Hoje o Brasil não faz nem a máquina de hemodiálise e nem os filtros, que respondem por 30% da planilha de custos. Por este enorme impacto, o desenvolvimento de um aparelho brasileiro é fundamental. E só depende da integração de tecnologias que já conhecemos”, explica Amaral Jr. O consultor adianta que, em Campo Mourão, a FINEP já está financiando o desenvolvimento da primeira máquina.

Em imagem, o foco estará no desenvolvimento de ultrassons. “Hoje é quase tudo importado, mas 80% da demanda de exames pode ser atendida com aparelhos 2D e com escala de cinza”, conta.

Na primeira etapa, o foco estará nestes equipamentos mais simples. Depois, passará para o uso de Doppler e elastografia, para que, no final, os aparelhos atinjam o padrão mundial. “A política de desenvolvimento produtivo deve estimular as empresas a inovar e investir para sustentar o crescimento que virá com a ampliação do mercado”, finaliza.

*Lester Amaral Jr foi palestrante no seminário “Inovação: um desafio global”, promovido pela Abimo