Nos dias 15 e 16 de maio aconteceu em San Diego a 9ª WLSA Convergence Summit, onde os líderes de saúde, tecnologia e comunicação wireless para saúde discutem os principais tópicos e problemas do setor. Nestes dois dias, líderes e especialistas no assunto discutem melhores práticas da tecnologia sem fio em sessões interativas, mesas redondas e apresentações de tópicos e devices desenvolvidos pela indústria. O conteúdo da conferência centrou-se sobre o que é o trabalho em ‘saúde conectada’ de hoje e que pode ser aprendido a partir destes primeiros casos de sucesso para conduzir melhorias nesta área no futuro.
Robert McCray (Presidente e CEO da WLSA) apresentou os avanços alcançados desde a primeira conferência em 2006, mas lamentando também o fato de o sistema de saúde nos Estados Unidos não ter tido um bom desempenho quando comparado com setores de indústria e energia, no mesmo período. Foram descritos também o DNA de empresas neste ramo que poderão vir a se tornar um sucesso; empresas que entenderão que os pacientes desejam:
- serem saudáveis, produtivos e independentes;
- estar no controle da própria saúde e de seu plano de saúde;
- receber apenas a quantidade necessária de cuidados em saúde que precisam;
- confrontados por sintomas de preocupação, desejam saber: quando os sintomas necessitam de cuidados médicos, o quão cedo a atenção precisa de cuidados, quem eles devem procurar, o que devem esperar quando chegar lá e quanto irá custar.
Curating for outcomes
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Dr Leroy Hood (presidente e co-fundador do Institute for Systems Biology) comentou sobre a metodologia de trabalho com os pacientes em “predictive, preventive, personalized and participatory medicine” (P4 Medicine), que busca compreender cada paciente individualmente porém analisá-lo em um ambiente global. O instituto está criando um estudo longitudinal (como o estudo de Framingham) para avaliar 100.000 (100k Wellness Project) pacientes em bom estado no período de 20 anos, olhando para 10 diferentes medidas em 4 diferentes períodos no ano. Avaliam-se os pacientes que permanecem em bom estado e aqueles que acabam desenvolvendo alguma doença. Dentre algumas avaliações, estão também estudos sobre alterações em órgãos. Com a idéia de avaliar métricas para o bem estar e identificar transições para o processo de doença e origens desses processos.
Dos resultados já obtidos entre os 100 pacientes avaliados na primeira etapa, puderam ser identificadas alterações imunológicas e biológicas de grande importância. Por uma visão mais ampla, consegue-se colher dados de grande importância médica dos indivíduos, cruzar informações comparando entre vários indivíduos e retornar com soluções para toda a população.
Desta forma, em um curto período de tempo, esta metodologia poderia identificar o desenvolvimento das doenças, mudar a trajetória de algumas doenças e economizar dinheiro neste período.
Outros 7 países entraram em contato interessados em participarem em conjunto deste estudo,o que permitiria ampliar o estudo para alguns milhões de pacientes, permitiria uma gama maior de dados para avaliação, com diferentes aspectos geográficos em questão.
O “Institute for Systems Biology” foi criado no ano de 2000, com o intuito de utilizar ‘sistemas biológicos’ para lidar com sistemas complexos e medicina. Desta forma foram desenvolvidas novas estratégias para o estudo de biologia-medicina, novas tecnologias, ferramentas analíticas e, estas todas integradas, podem auxiliar na resolução de desafios da área. Dentre estes estão os sistemas automáticos de avaliação de sequências de DNA, sequenciadores de proteínas e peptídeos – instrumentos que puderam aproximar a engenharia da biologia e auxiliar no projeto genoma.
David Alexandre Gross, diretor de estratégia da Sanofi, descreveu alguns processos de criação de elementos de tecnologia em saúde centrados no paciente, com foco na doença (diferentemente do que buscar novos medicamentos de grande sucesso. A companhia busca melhorar a experiência do paciente, reduzir custos, melhorar resultados bem como a gama de produtos que serão os melhores do mercado.
Sempre que acontece uma crise econômica, o corte de gastos afeta diretamente investimentos e pesquisas em saúde. Mas boa parte dos países com classe média dobrarão o montante de investimentos em saúde, sem isso significar novas tecnologias. A China, por exemplo, criou o mesmo número de hospitais existentes nos Estados Unidos sem melhorar o número de funcionários ou equipamentos / instrumentos para trabalho.
A Sanofi buscou mudar o mercado olhando de forma diferente. A empresa trabalha com 70 aplicativos que focam no dia a dia do paciente. Dentre eles, apps que auxliam o paciente a monitorar seu índice glicêmico (informam os familiares e treinam pacientes para lidar com choque anafilatico ou manejo de injeções). Em países africanos auxiliam a integrar informações sobre diabetes melitus tipo 1 e 2. Outro aplicativo permite que as enfermeiras criem podcasts para que elas possam educar e informar pacientes sobre suas doenças (como o diabetes).
Steve R. Steinhubl, diretor da Digital Medicine Scripps Translational apresentou um panorama sobre os sistemas de saúde, os quais são muito resistentes às mudanças. Apesar de muitos desenvolvimentos tecnológicos e melhorias neste setor, a dificuldade de aplicação e inserção neste meio atrasam e dificultam o estudo, observação e divulgação de resultados com estes dispositivos e práticas. Do ponto de vista translacional (do laboratório para o leito do paciente) busca-se incorporar conhecimentos de grupos de estudo em biologia, engenharia e medicina. O investimento em clinical trials e incorporação de novos estudos permite agregar novos métodos e resultados com benefícios diretos para os pacientes – ainda que por meio de caminhos difíceis de se obter os resultados esperados.
O instituto busca, por meio de tecnologias sem fio, estudar alterações fisiológicas de pacientes em curso de desenvolver doenças crônicas e auxiliar no tratamento e controle destas. Permite avaliar também aqueles pacientes que, geneticamente, já possuem uma predisposição para o desenvolvimento de diabetes (por exemplo), manter um bom controle glicêmico. Com melhores resultados no tratamento de pacientes, obtidos por meio de tecnologias desenvolvidas para este fim, os investidores ganham confiança para investir neste meio e também nos institutos.
Komathi Stem, diretor de produtos da Genentech comentou sobre a dificuldade de realizar clinical trials pela aderência dos pacientes e pela adesão às novas tecnologias. O uso de elementos digitais nos pacientes e também telemedicina diminuíram problemas geográficos para aderência aos estudos, o que permite melhores resultados, e maior confiança nos estudos.
Na primeira mesa redonda deste dia foram discutidos como ainda são necessárias grandes redes, maiores bancos de dados e participação com integração dos pacientes. O uso dos novos sistemas analytics são os grandes promotores para o desenvolvimento de uma grande rede de pacientes dos quais podem-se obter bons e efetivos dados para clinical trials. Dr Leroy ainda acrescentou que as ‘patient active social networks‘ serão atividades críticas e emergentes neste processo de integração de redes sociais, auxiliando pesquisadores sobre como eles recebem e trabalham com estes dados.
The engaged health consumer
Dentre as soluções apresentadas nos últimos anos, com o objetivo de aproximar o funcionário ou mesmo seus clientes com plataformas wireless estão:
AT&T® busca unir e incorporar bem-estar com uma plataforma dinâmica em tempo real com seus mais de 250 mil empregados;
- Wallgreens® utiliza o programa para incentivar o cliente a realizar mais exercícios físicos ou manter controle de seu estado de saúde com programa de pontuação e recompensas, revertidos em crédito para quem faz compras nos estabelecimentos.
- A Cleveland Clinic® faz um trabalho com Fitlinxx e integrando mudança de estilo de vida e melhorias de alimentação. Cruzando informações clinicas e dados obtidos dos funcionários acabam incentivando e ajudando empresas a manterem-se saudáveis.
- Yofimeter® coleta valores de glicemia de pacientes com diabetes tipo 1 e envia dados para o celular. Desta forma o médico pode receber informações e avaliar estado do paciente.
- AirStrip ONE® trabalha com recebimento de informação de pacientes por diferentes equipamentos ou sensores.
O médico e coronel do exército americano Lou Tenent Coronel Daniel Johnston, apresentou como o exército utiliza uma plataforma na qual os soldados entram com dados e monitoram melhoramentos. Esta ferramenta auxilia a tomar decisões que ajudem a maximizar os resultados pessoais. Recebem um feedback de 300.000 soldados (estudo que pode ser adaptado aos civis) e recebem bom dados de fitness como um ‘community profile’. Buscam avaliar “variação delta”, que mede um parâmetro de idade real e idade calculada pelos valores recebidos no diagnóstico. Isto permite uma melhoria de padrões de vida para adequar esta diferença para uma melhoria dos fatores diários. Além disso, podem usar “social connectivity” entre grupos (como bases no exército) e transpor para comunidades para melhorar condições.
Trabalhos desta forma estão voltados também para que haja um retorno grande para a população (bem como muitos estudos e trabalhos já acontecidos pelo exército americano já o fizeram). Ainda em projeto, existem produções de novas tecnologias que permitam atuar em medicina preventiva. A busca pelo “patient engagement” surge como resultado da transformação de dados em estudos e novas técnicas para atuar com cada paciente.
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Where have we gone, what data have we found from the process. We want to be on the cutting edge, helping people with tech with what the army has been doing.
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Nesta outra mesa redonda se levantou a metodologia conhecida como “gamification”, de forma que o usuário se motive a participar de desafios com recompensas – reward programs. No entanto, deve-se pensar nos tipos de motivações que fazem cada paciente “criar seus próprios jogos”. Por exemplo, qual é o tipo de motivação em uma corrida (tipo de música, alimentação ou ambiente que motiva o paciente a melhorar ou manter-se fisicamente ativo).
Uma solução encontrada (diversificada unicamente entre cada empresa) foram aquelas voltadas basicamente para a sustentabilidade. Os diferentes tipos de pensamentos em cada cenário (esquemas de pontuação ou pagamento direto em dinheiro para o usuário em princípios de fidelidade) permite que cada cliente fique engajado e preocupado com a qualidade de sua saúde – formato adotado pelo Wallgreens (Ballance® Rewards).
No caso de hospitais, o foco acaba sendo voltado para o retorno financeiro, o qual mantém as pessoas com doenças crônicas sob controle e promove redução de custos. Para o paciente gera o pensamento de boa saúde, sem grande custos com saúde, cria uma confiança do paciente com a empresa para continuar comprando ali ou permite melhor relacionamento com sistema de saúde. A adaptação à este estilo de negócio é semelhante ao que se faz em sistemas de pré e pós regulação, para estudo de viabilidade e adequação de devices para saúde.
Crowdfunding for Health
O painel de investimentos apresentou riscos e benefícios dos levantamentos de fundos para os empreendimentos. Ainda que suas empresas estivessem bem auxiliadas financeiramente antes de lançar suas campanhas de marketing, o ‘crowdfunding’ (angariar dinheiro pela internet por meio de várias pessoas) ofereceu uma oportunidade de testar e influenciar o mercado e esta comunidade, além de relacionar-se com o cliente para descobrir novos produtos que surgirão.
Toward a Sustainable Health Care System
Hospitais tem boa perspectiva e retorno com uso de equipamentos e novas tecnologias (wireless principalmente). O trabalho entre médicos, enfermeiras e todos os outros da equipe de saúde inclui a compreensão, prontidão e atuação no momento correto. O uso de app’s que tragam retorno direcionado para as equipes e para cada profissional permite boa troca de informação e terapia, foi uma das mensagens da conferência.
O paciente moderno busca resultados já em seus exames laboratoriais, de imagem ou até mesmo das decisões e palpites da equipe antes de chegar ao médico. Muitos destes pacientes se interessam pela forma como é conduzido seu tratamento e qual sua reação biológica de acordo com o tratamento. No entanto, grande parte dos tratamentos são desenhados para um denominador comum. Alguns destes pacientes já compreendem como devem ser conduzidas suas doenças e possuem uma opção sobre como querem lidar com isto. A solução para esta “nova forma de tratamento” é individualizar o tratamento e garantir que os medical devices sejam compreensíveis e acessíveis tanto para o paciente quanto para o médico.
Um sistema atrativo que pode ser implementado é o trabalho com redução de taxas ou trabalhar com métodos de recompensas para seus clientes em saúde (metodologia de troca) – sistema que vêm apresentando bons resultados no mundo todo. A grande idéia é adquirir a maior quantidade de clientes para estar junto com aquilo que estão apoiando (produto ou marca).
A metodologia financeira deve seguir estratégias semelhantes ao de marketing. Quando se trata de doação, espera-se um bom retorno com a imagem ou marketing; quando se trata de investimento, espera-se lucro financeiro em um espaço de tempo menor. O objetivo de uma forma ou de outra é auxiliar o doador ou investidor a se apresentar e ter certeza que está fazendo a melhor decisão na área médica que ele quer investir. Criar um bom “match” com as decisões dos investidores torna-se a chave do sucesso nestes empreendimentos. Pensar no que pessoas individualmente pensam quando fazem investimentos ou mesmo o governo quando observa pelo lado do risco de investir em um item.
No processo de desenvolvimento as empresas estão buscando reduzir o “meio caminho” da produção. Os objetivos estão sendo maiores entre o ponto inicial e final, sem os grandes entraves dos antigos processos produtivos. As companhias buscam resultados mais diretos ou que se possa confiar com o trabalho conduzido no formato “fail fast or succeed sooner”.
De forma geral, a Wireless Life Sciences Conference disseminou a mesma mensagem: sua empresa não vai existir no longo prazo se não tiver inovação claramente ligada em seu DNA, e seu o paciente não estiver, de fato, no centro do processo.
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