Ninguém sabe, no entanto, que direção ele tomará, nem todas as consequências das decisões que estão sendo tomadas hoje.

Entre as questões sobre o sistema de saúde dos Estados Unidos sobre o rumo que será tomado, uma das que mais precisamos saber é “Quando o mundo da saúde vai parar de trabalhar isoladamente e passar a trabalhar em conjunto?”

A formação de ACO’s (Accountable Care Organizations), que são grupos de provedores de saúde, dentre eles médicos, hospitais, especialistas) se disponibilizam para cuidar do paciente holisticamente e encarar um modelo de tratamento mais focado no valor agregado e não simplesmente no serviço. A promessa é, então, de diminuir este isolamento e melhorar os resultados dos pacientes, diminuindo, ainda, os custos totais de gastos em saúde.

O problema está na prática. Poucos médicos aceitam dividir a responsabilidade de um paciente, poucos gestores hospitalares concordam em dividir sua autonomia com o corpo clínico e, por isso, as resistências serão grandes.

A mudança de Fee-For-Service para Fee-For-Value é outro fator que promete mudar o sistema de saúde americano e, caso replicado em outros países, mudar o sistema de saúde global. Atualmente, os médicos são pagos de acordo com o volume e a complexidade dos seus casos e não com os resultados.

O que acontece é que os hospitais e os médicos ganham mais se o paciente ficar mais doente e não se ele melhorar.

A sugestão de substituição é de pagamentos prospectivos, onde é realizado um único pagamento para todo o episódio de cuidado ou a capitation, um pagamento negociado que cobre um certo período de tempo de tratamento para um grupo de pacientes, considerando as expectativas de resultados e perspectivas.

A premiação de melhores resultados de saúde foi adotada no Medicare Advantage e funciona dando mais poder de avaliação para o paciente. Os indivíduos com cobertura deste programa podem ir a determinadas instituições e, uma vez por ano, devem avaliá-las para que sejam contabilizadas as melhores instalações e serviços. Assim, as instituições que tiverem notas mais altas serão recompensadas financeiramente pelo programa.

Os incentivos para adoção de sistemas de TI nos serviços de saúde podem ser significativos para que o sistema de saúde seja modernizado. Teoricamente, as ferramentas incluem um suporte de decisão clínica mínimo e conversação entre outros profissionais. O sistema de saúde americano busca uma interoperabilidade de sistemas e organizações.

Outra questão que pode mudar o sistema de saúde americano é a nova geração de médicos já adeptos a tecnologia. Este novo grupo já está acostumado a ter conectividade 24 horas por dia e se manter conectado com outras pessoas por meio mobile.

Vamos esperar, espelhas alguns desses conceitos no Brasil (alguns desses fatores são claramente parte da nossa realidade também) e tentar discutir sobre o futuro do sistema de saúde americano. Sabemos que eles têm uma política frágil e com gastos de saúde maiores que qualquer outro país do mundo, mas com certeza eles passam por alguns erros também cometidos no Brasil. Usar exemplos internacionais para inspiração própria é de grande valia.