Especialistas de todo o Brasil em colesterol estarão reunidos no próximo sábado, dia 17, onde discutirão estratégias para detectar e tratar a Hipercolesterolemia Familiar – HF. Um problema que atinge 400 mil pessoas no Brasil e que, se não for descoberta precocemente, pode provocar infartos em pessoas bastante jovens.
O evento é promovido pelo Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC que, nos próximos dois anos, irá focar a sua atuação na conscientização do problema, uma vez que a identificação dos casos permite um rastreamento entre membros da mesma família. “O filho de um portador de HF tem 50% de chance de apresentar a doença, uma porcentagem bastante elevada”, explica o presidente do Departamento de Aterosclerose, José Rocha Faria Neto.
A Hipercolesterolemia Familiar é uma forma de elevação significativa de colesterol determinada por alterações genéticas. “Nas pessoas que herdam a alteração genética do pai e da mãe, os níveis de LDL (colesterol ruim) são extremamente elevados, com depósito de colesterol em diversos tecidos, como os tendões. Estas pessoas comumente apresentam problemas cardíacos já na adolescência. Felizmente esta forma, homozigótica, é muito rara: 1 caso em 1.000.000. Novas opções terapêuticas surgiram, nos últimos anos, para estes casos, e isto será aprofundadamente abordado no evento. Já nos indivíduos que herdam o gene do pai ou da mãe, os heterozigóticos, a doença é silenciosa, não apresentando sintomas, só aparecendo quando um jovem tem um infarto”, lembra Rocha Faria. Neste momento, o médico deve também investigar os demais membros da família e ver se a doença é presente para iniciar o tratamento. A detecção é bastante simples, começando com a dosagem do colesterol.
O desafio da Sociedade Brasileira de Cardiologia é duplo: tratar do assunto entre a população e ainda orientar os médicos. “O profissional deve sempre suspeitar ao se deparar com uma doença coronária muito antes do habitual, aos 40 anos, por exemplo, ou quando os índices de LDL Colesterol são excessivamente elevados, acima de 190,em um paciente”, completa.
No ano passado, a SBC publicou uma Diretriz específica para os médicos dando todo o embasamento científico para a detecção e tratamento da Hipercolesterolemia Familiar. “Agora é disseminar a informação também entre a população”, completa o presidente do Departamento de Aterosclerose.
O colesterol em excesso é produzido pelo fígado e mesmo uma dieta rigorosa reduz no máximo em 10% o índice elevado. Para tirar essas pessoas da faixa de risco, é necessário usar medicação, principalmente estatinas, que administradas corretamente reduzem o nível do colesterol, diminuem o risco cardiovascular e os pacientes passam a ter uma expectativa de vida condizente com a do restante da população.