Se os Maias estiverem errados e conseguirmos passar por 2012, 2013 será um ano um pouco mais difícil para a saúde suplementar.
Em 2012 empresas que atuam no segmento continuaram comemorando um crescimento que não é sustentável, com o ingresso de maior parcela da população na Saúde Suplementar por conta da situação econômica brasileira que não foi afetada pelas crises americana e europeia.
Os próprios dados da ANS comprovam que o aumento de faturamento das operadoras é maior proporcionalmente em relação ao ingresso de novas vidas: uma ?inflação? sobre um produto que já é muito caro, e que não atende o comprador.
É evidente que o limite do crescimento está chegando e que as empresas que compram planos de saúde para seus funcionários já começaram a substituir planos mais caros por planos mais baratos por 3 razões básicas (dentre algumas outras):
- O ROL da ANS que foi idealizado para proteger o segurado acabou nivelando os planos de saúde ?por baixo?. Você paga por um plano mais caro com a ilusão de que terá uma cobertura melhor, mas na prática quando realmente necessita esbarra na frase: fora do ROL não tem cobertura ? e tem que pagar a parte;
- A operadora ao ofertar produto mais caro justifica com uma rede credenciada diferenciada, mas os serviços de referência não tem capacidade operacional para atender a demanda, ou seja, na prática quando você necessita de um pronto socorro, por exemplo, tenta a referência mas não consegue ser atendido, e acaba recorrendo ao serviço que não está na lista ?top ten?. As empresas que financiam já perceberam que não vale a pena pagar mais se não consegue utilizar o diferencial;
- Os médicos não toleram mais as aviltantes tabelas de honorários negociadas com as operadoras, e entre os serviços de saúde e as operadoras. Na prática quando você necessita de um procedimento de maior complexidade acaba sendo reembolsado por uma tabela ridícula e paga a diferença ao médico.
Em 2013 vamos assistir ao agravamento das questões que, entra ano sai ano, não se resolvem. As greves dos médicos serão mais abrangentes e só isso, como se provou em 2012, já é suficiente para gerar um caos na saúde suplementar.
Quando escrever ?minha cartinha ao Papai Noel? em dezembro, torcendo para que os Maias estejam errados e que dê tempo para ele ler, vou repetir alguns pedidos não atendidos nos anos anteriores.
Que a AMB articule com mais veemência a obrigatoriedade de se adotar a CBHPM em todos os contratos, da mesma forma como o Brasindice é aplicado em relação aos preços dos medicamentos (*), reduzindo assim as greves dos médicos e as contas ?particular-diferença? nos momentos em que o segurado está mais carente.
Que a ANS seja desmembrada em 2 agências distintas:
- Uma que regula a relação operadora x prestador. Com foco na fiscalização das péssimas práticas de auditoria de contas existentes hoje no mercado, que encarecem desnecessariamente o sistema. Reduzindo o ?over book? da rede credenciada da operadora e desenvolvendo um ROL que especifique além das coberturas, a qualidade;
- Outra que regula a relação entre o segurado e as operadoras e serviços. Com foco na necessidade do segurado que não tem canais adequados para se relacionar com o sistema, e ?entope? o judiciário com ações que, diga-se de passagem, quase sempre ganha.
(*) Nota: é necessário esclarecer que minha convicção pessoal é contrária a qualquer tipo de tabelamento de preços. A livre negociação, regrada pela oferta e demanda é para mim algo indiscutível. Mas se existe uma tabela, que seja levada a sério ? caso contrário atrapalha !!!