Hoje, dia 18 de outubro, comemora-se o Dia do Médico, mas a verdade é que, neste momento, a classe médica tem pouco a comemorar e muito para refletir. Isso porque o papel social do médico tem sofrido profundas alterações nos últimos tempos.
Desde a década de 1970, estudos comprovavam a crescente burocratização da medicina, fruto da criação de grandes conglomerados na área e dos planos de saúde.
O médico profissional liberal é figura cada vez mais rara na contemporaneidade pois, para sobreviver, estes profissionais passaram a se submeter a regras, normas, procedimentos e metas. O paciente deu lugar ao cliente e o médico de família deu lugar ao especialista.
Maria Helena Machado (1997), elenca as seguintes mudanças na medicina contemporânea: a fragmentação do conhecimento (especialização), com perda rápida do interesse do jovem médico por áreas básicas; o declínio do prestígio social; a perda da credibilidade social; o uso abusivo de tecnologia médica, provocando uma perigosa dependência do profissional com relação a tais recursos tecnológicos, levando assim a gradativa perda da capacidade do raciocínio clínico.
Soma-se às mudanças acima, a crescente judicialização da saúde, que tem colocado os profissionais de saúde no banco dos réus, e o programa Mais Médicos, que insiste em atacar o médico ao invés de resolver o problema estrutural do sistema de saúde brasileiro.
Em contrapartida, devemos lembrar que os indivíduos que escolhem a Medicina como profissão, estão, em geral, movidos por um desejo de cuidar, de curar, de se dedicar ao outro (Arruda e Milan, 1999). Portanto, quero crer que mesmo diante deste contexto desfavorável ao
médico, ser médico ainda é uma bela escolha a se fazer.
Cebendo também à sociedade civil lutar para que cada vez mais indivíduos a façam, motivados pelo desejo altruísta de cuidar do próximo e que, aqueles que já fizeram essa escolha ? os nosso médicos ? sejam devidamente valorizados pelo governo, pelos seus empregadores e por nós, pacientes.
Feliz dia dos médicos!