Na última semana, infelizmente, o tema pneumonite química passou a frequentar as páginas dos jornais, após a tragédia em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Acontece que a doença, provocada por produto químico inalado ou fumaça quente, pode demorar algum tempo para se manifestar nas pessoas atingidas.

A médica Rosita Fontes, do laboratório Sérgio Franco, explica que, no caso da fumaça quente inalada, a doença acontece da seguinte forma: “A fumaça chega aos pulmões e lesa os alvéolos, que são as menores estruturas pulmonares responsáveis pela oxigenação do sangue, fazendo com que fiquem preenchidos de líquido. O organismo, ao perceber a agressão ao pulmão, envia células de defesa, que, por causa da lesão dos alvéolos, também se acumulam nesse local. Esse acúmulo de células acaba por provocar fibrose, que espessa a membrana que separa o oxigênio da corrente sanguínea, dificultando a oxigenação do sangue e causando insuficiência respiratória. Além disso, a tentativa do pulmão de eliminar essas células impede ainda mais seu bom funcionamento”, explica a médica.

Os sintomas variam, desde cansaço, falta de ar e tosse, acompanhada ou não de escarro com secreção escura por causa da fuligem inalada, até um quadro de dificuldade respiratória grave.

“É importante que as pessoas expostas na tragédia do Sul fiquem alertas aos sinais da doença, para buscar tratamento especializado rápido”, alerta a Dra. Rosita.

Os portadores de pneumonite química podem se recuperar relativamente rápido, se o quadro for leve, ou a doença pode evoluir para o que se chama de síndrome de angústia respiratória do adulto, em que há a necessidade de internação em terapia intensiva, com aparelhos respiratórios. É possível, também, que as vítimas desenvolvam pneumonia bacteriana secundária, motivo pelo qual, em alguns casos, é essencial administrar antibióticos como prevenção.

Alguns pacientes podem se curar sem problemas posteriores, enquanto outros podem desenvolver fibrose pulmonar e ter dificuldades respiratórias por toda a vida.