Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) demonstram que a pneumonia é a terceira causa de internação entre idosos, representando mais de 6% do total de internações na rede pública. A pneumonia é uma inflamação aguda que acomete os pulmões. Em sua maioria tem causa infecciosa (bactérias, vírus ou fungos), mas pode também ser ocasionada por agentes químicos e alérgenos.

De acordo com o Dr. Clovis Cechinel, geriatra do laboratório Pasteur, um dos aspectos mais importantes relacionados à pneumonia no idoso se refere aos sintomas que a pessoa apresenta. Isso porque, no idoso, o quadro clínico da pneumonia pode ser completamente diferente daquele apresentado pelo jovem. Essa peculiaridade pode dificultar um pouco o diagnóstico da infecção, retardando o início do tratamento.

Cechinel explica que, em indivíduos jovens, o quadro clássico da pneumonia seria a presença de febre, tosse com catarro e dor no peito associada à tosse e à respiração. No idoso, é mais comum a presença de prostração, queda do estado geral, redução do apetite, desânimo e mudança do estado mental, ou seja, o paciente pode ficar apenas mais confuso. “Todo idoso que apresenta alteração aguda do estado mental ou outros sintomas gerais, que não indicam uma doença específica, deve ser pesquisado para a presença de pneumonia”, diz.

O geriatra relata que a incidência de pneumonias nos idosos aumenta durante os surtos de gripe, o que leva a um maior número de internações. Alguns estudos mostram que os idosos com pneumonia internam três a quatro vezes mais do que os adultos jovens com pneumonia adquirida na comunidade. Já as pneumonias em instituições de longa permanência são de duas a quatro vezes mais frequentes do que as adquiridas na comunidade.

O médico revela que o diagnóstico é feito por meio do quadro clínico, do exame físico e de imagem, como radiografia de tórax e/ou tomografia computadorizada. Os principais fatores de risco para pneumonia nos idosos são: tabagismo, desnutrição, DPOC, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, diabetes, câncer, doença neurológica e psiquiátrica, medicamentos sedativos, alcoolismo, tubos endotraqueais e nasogástricos, cirurgia recente, incapacidade para as atividades de vida diária, internação em hospitais e instituições de longa permanência e gripe.

Segundo o geriatra, o tratamento deve ser iniciado rapidamente e orientado pelo médico. Na maioria dos casos pode ser feito em domicílio com acompanhamento ambulatorial. Nos casos mais graves é indicada a internação hospitalar.

O especialista lembra que a prevenção é de extrema importância em saúde pública, devido à gravidade da infecção e à alta taxa de mortalidade. A vacinação contra a gripe, a vacinação contra o pneumococo e os cuidados gerais como a higiene oral, posicionamento correto no leito, manutenção do bom estado funcional, controle das doenças crônicas, realização de fisioterapia motora e respiratória, aporte ao familiar são medidas específicas. “Por isso, a necessidade de uma equipe multidisciplinar preparada para atuação na área de geriatria e de gerontologia”, finaliza.