O uso inadequado de estimulantes sexuais – medicamentos para disfunção erétil –, principalmente na população jovem, alcançou índices que assustam os especialistas. Segundo estudos recentes, nas grandes regiões metropolitanas, um em cada cinco homens, entre 20 e 35 anos, ingere esses medicamentos de maneira irregular e sem prescrição médica.

Durante o carnaval, os corpos à mostra, a alegria em alta e o excesso de consumo de bebidas alcoólicas aumentam o número de relações sexuais casuais e, a reboque, o uso indiscriminado de medicamentos para disfunção erétil na população jovem.

Segundo o urologista do Hospital Pasteur, Márcio Malta, muitos jovens consomem esses medicamentos por curiosidade, desejo de melhorar a performance sexual e até mesmo medo de falhar na hora “H”.

“Em jovens saudáveis e sem disfunção erétil, esses medicamentos não apresentam resultados. São inócuos. Ou melhor, não causam aumento da rigidez do pênis ou do desempenho sexual. Além disso, o jovem se expõe aos possíveis efeitos colaterais desses estimulantes”, alerta o urologista.

Ano passado, uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia sobre a vida sexual dos brasileiros entrevistou 500 homens com mais de 40 anos, no Rio de Janeiro. Desses, 60% afirmaram usar medicamentos para disfunção erétil regularmente.

“Atualmente, esses estimulantes sexuais, até mesmo os sem liberação da Anvisa, podem ser adquiridos sem receita médica ou pela internet. O aumento do consumo dessa droga durante o período do carnaval pode ser um problema de saúde pública”,enfatizou Malta.

O médico explica que os usuários de estimulantes sem necessidade podem sofrer com outros problemas de saúde, como: dores de cabeça e musculares, diarreia, alergias e até infartos, já que, durante a atividade sexual, o coração é mais exigido e pode sofrer danos no caso de pacientes assintomáticos e com doenças preexistentes.

Outro risco do uso sem controle desses medicamentos é o jovem sofrer um priapismo – que é uma ereção por mais de quatro horas.

“Os casos de priapismo necessitam de atendimento hospitalar de emergência e alguns até tratamento cirúrgico. Paradoxalmente, as complicações do priapismo prolongado podem levar a impotência sexual,” declarou Malta.

Márcio Malta alerta ainda que esses medicamentos não são indicados para mulheres. “Não há nenhum benefício para as mulheres. Elas apenas ficarão expostas aos efeitos colaterais”, conclui.

Dica do médico: A maneira saudável e eficaz de a população jovem melhorar a atuação na hora do sexo é a prática de atividades físicas regulares.