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Cuidando das pessoas e do meio ambiente: home care é atenção ao ESG

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A saúde é um dos setores mais envolvidos com o ESG. Desde hospitais a provedores de serviços, toda a cadeia busca soluções para impactar positivamente o planeta, a vida de funcionários, clientes e da sociedade

Ao longo dos anos, a conexão entre homem e natureza foi fundamental para a evolução do planeta. Mas o que teve início em plena harmonia aos poucos foi se perdendo, com a extração e o consumo cada vez mais acelerado dos bens naturais, sem uma real preocupação com o futuro, acarretando em graves problemas sociais e econômicos em todo o mundo. Foi a partir deste contexto que, já na metade do século passado, discussões sobre as condições humanas e o meio ambiente começaram a se tornar pauta frequente nas mesas dos principais decisores. 

Um dos precursores desse movimento foi o empresário italiano Aurelio Peccei, presidente honorário da Fiat. Em 1968, o executivo se juntou ao cientista escocês Alexander King para a realização de um encontro com personalidades da época para debater caminhos para reequilibrar a relação homem-natureza. Conhecido como Clube de Roma, o encontro abriu caminho para a elaboração de um projeto com bases e princípios para guiar o desenvolvimento sadio do mercado e da sociedade. Suas visões ganharam evidência mundial com a publicação do relatório “Os Limites do Crescimento”, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), no qual afirmaram que se a humanidade continuasse a consumir os recursos naturais em alta velocidade, por consequência da industrialização, eles se esgotariam em menos de 100 anos.

Nasce o ESG

Esse é só um exemplo das diversas iniciativas criadas para tentar dirimir a ação do homem sobre o meio ambiente, restabelecendo a harmonia tão necessária para a sobrevivência das gerações. Embora muitos projetos tenham sido discutidos e implementados, poucos tiveram sucesso efetivo e a situação continuou se agravando. Esse cenário levou a Organização das Nações Unidas, em 2004, a provocar as grandes instituições financeiras em como poderiam ser capazes de contribuir para reverter esse quadro. 

Foi nessa época que surgiu o termo ESG (do inglês Environmental, Social, and Corporate Governance) para identificar e avaliar até que ponto uma empresa trabalha em prol de objetivos sociais e o quanto o seu propósito está ligado a entregar valor para a sociedade, além de resultados financeiros aos acionistas. Desde então, as práticas ESG fazem cada vez mais parte da agenda das empresas de diferentes áreas, se transformando na indicação de solidez, custos mais baixos, melhor reputação e resiliência de uma empresa.

ESG na saúde: cuidando do presente e do futuro

Entre os setores mais envolvidos com o ESG, está o da saúde, incluindo desde hospitais até os provedores de serviços. Toda a cadeia vem buscando soluções com o objetivo de impactar positivamente o planeta e a vida de funcionários, clientes e da sociedade de maneira geral. Uma das grandes preocupações é que os sistemas de saúde respondem por 4,4% da emissão global de CO2, e a pegada climática dos cuidados de saúde equivale às emissões anuais de 514 usinas a carvão, como revelam dados do relatório de 2019 da Health Care Without Harm (HCWH). 

O foco maior, contudo, está no pilar social do ESG, segundo pesquisa feita pelo Health Research Institute (HRI), da consultoria global PwC, que envolveu 45 prestadoras de serviços voltados para a saúde. E o Brasil é prova disso: resultados divulgados pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) apontam que já são mais de 192 iniciativas e ações ligadas ao ESG que impactaram mais de 4,2 milhões de pessoas por aqui. A expectativa é que, até 2030, outras 15,6 milhões também sejam impactadas.

Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades, é uma meta vinculada diretamente ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3, proposto pelo Acordo de Paris, compromisso mundial, estabelecido em 2015. Dentre diversas iniciativas para cumprir esta meta, a saúde domiciliar, ou home care, é chave, uma vez que viabiliza o atendimento de saúde específico por meio de soluções avançadas de tecnologia, proporcionando suporte especializado alinhado à universalização do acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade até 2030, como prevê o ODS. 

ESG na experiência do paciente

Para estarem preparadas para perseguir essas metas, as empresas precisam percorrer uma jornada de amadurecimento em diversas frentes. Uma delas envolve o âmbito operacional, com a implementação de processos automatizados e de menor impacto ao meio ambiente. A digitalização das companhias de saúde ajuda, por exemplo, na redução da pegada de carbono com a eliminação do papel nas operações, contribuindo para um meio ambiente mais sustentável.

A Health Information and Management Systems Society (HIMS), maior associação do setor no mundo, proporciona certificação que avalia o nível de maturidade das empresas em termos de infraestrutura e sistema, tendo entre os fatores analisados aspectos como o consumo de papel. Por meio do EMRAM – Electronic Medical Record Adoption Model, desenvolvido em 2005, a entidade avalia a maturidade de adoção da TI clínica através de oito etapas evolutivas.

Todos esses fatores indicam que a tendência de observar e avaliar até que ponto uma empresa vinculada à gestão de dados relacionados à saúde trabalha em prol de objetivos sociais e ambientais, além da rentabilidade para os acionistas, veio para ficar. O cenário mostra que o ESG deixou de ser um termo da moda ou artifício do marketing: não apenas investidores, mas clientes grandes muito em breve também estarão dispostos a fazer negócios apenas com empreendimentos que se preocupam genuinamente com as questões ambientais, sociais e políticas de governança que sejam inclusivas. 

ESG na saúde: novo paradigma

O impacto disso é notório: o olhar ESG sobre a saúde vem acompanhado de um importante toque humano, que permite enxergar os pacientes muito além de números e dados. O avanço da telemedicina em todo o mundo - projeções indicam que este mercado deve atingir USD 787.4 bilhões até 2028 - é uma representação da mudança de paradigma pela qual vem passando o setor. O trato preventivo em casa e a possibilidade da continuidade de alguns tratamentos nesse ambiente contribui para o convívio social e, comprovadamente, possibilita a melhora mais rápida de muitos pacientes. Além disso, o fato de estar fora de clínicas e hospitais reduz o risco de infecções, um importante fator já considerando nos relatórios ESG dos principais provedores do segmento. 

À parte da segurança e da proximidade com os familiares, manter os pacientes em casa também permite que ele continue inserido na realidade do seu dia a dia e, inclusive, perto dos animais de estimação. Os pets também são parte importante para acelerar a recuperação. Estudos mostram que os bichinhos estimulam tanto o aspecto físico como o emocional, melhorando a qualidade de vida, a realização das atividades diárias e a saúde de modo geral. Se o ESG em sua essência significa natureza e seres humanos convivendo em perfeita harmonia, nada melhor do que proporcionar esse equilíbrio por meio da humanização e dos benefícios à saúde. 

Reconhecer esse balanceamento perfeito entre as pessoas e o desenvolvimento comercial, tecnológico e industrial é o que diferencia os ‘negócios de sempre’ dos modelos inovadores, com propósito claro, ESG na estratégia e uma proposta de valor bem definida, especialmente em um setor tão importante quanto o da saúde. São empreendimentos que já nasceram inspirados por premissas guiadas pelos aspectos ambiental, social e de governança, princípios norteadores do futuro da espécie humana e do nosso planeta.